
O chefe de Estado sublinhou que este desempenho surge apesar das taxas de juro, que continuam "muito acima do objetivo fixado em 2%", prejudicando o "financiamento das economias emergentes".
"Todavia, apesar deste contexto adverso, o nosso país recebeu 2.200 milhões dólares em termos de intenções de investimento do setor real em 2023, 44% acima do valor registado em 2022. Esta é uma realidade que veio atestar o bom momento que o país atravessa face à concorrência entre diversos países diante da atração de poupanças externas", disse, no discurso de abertura da XIX Conferência Anual do Setor Privado (CASP), que reúne em Maputo, até sexta-feira, dezenas de empresários nacionais e estrangeiros.
"Para o alcance desta dinâmica, foi crucial o esforço de investimentos públicos em infraestruturas que concorrem para a competitividade setorial, sendo de realçar a energia. Aumentando a geração de energia elétrica, a expansão de rede e melhoria de qualidade de transmissão, incluindo a diversificação das fontes de geração, assim como o acesso universal, que se situa em 54,7%", acrescentou Nyusi.
Na mesma intervenção, o Presidente destacou como "uma das medidas mais estruturantes" da governação atual a implementação do Fundo de Garantia Mutuária, no valor de 4.400 milhões de meticais (63,5 milhões de euros), para "facilitar o acesso ao crédito bancário" a pequenas e médias empresas.
"Esta medida chega em bom momento, com a inflação contida a um dígito e depois de duas rondas de relaxamento da taxa de referência MIMO [taxa de juro] pelas autoridades monetárias", afirmou.
Acrescentou que este novo fundo vai concorrer "para a redução do prémio de risco de crédito e consequentemente custo de financiamento".
"Por outro lado, irá direcionar para a extensão de maturidades, para acomodar necessidades de investimento e ativos imobilizados, como equipamento e construções, que favorecem a criação de novas empresas e a expansão de unidades já existentes".
Perante os empresários, admitiu a necessidade de abordar as preocupações transmitidas pelos empresários, e que "exigem" soluções, como o reembolso do IVA "acima dos prazos estabelecidos" ou "o pagamento de faturas atrasadas".
Já sobre a reversão da medida que terminou, desde o início do ano, com a isenção do IVA em produtos como o óleo, o açúcar ou o sabão, Filipe Nyusi disse que exige uma "reflexão de cautela", para que "o protecionismo não crie zonas de conforto e o beneficiado seja realmente o consumidor final".
Segundo a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que organiza a XIX Conferência Anual do Setor Privado, em conjunto com o Governo moçambicano, pretende-se refletir "sobre os progressos e desafios do Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE)" e "debater" as condições no ambiente de negócios, para "tornar o país mais competitivo", contando com a presença de 80 empresários estrangeiros.
Com o lema "Investimentos e Negócios em Ambiente das Medidas de Aceleração Económica: Desafios e Oportunidades", a XIX CASP, espera, durante três dias, mais de 4.000 participantes presenciais e 20 mil virtuais, entre empresários e investidores nacionais e estrangeiros, instituições financeiras, parceiros de cooperação, instituições multilaterais e membros do Governo.
"Estão confirmados mais de 40 oradores nacionais e estrangeiros e delegações de mais de 12 países, como Maurícias, África do Sul, Angola, Brasil, Portugal, Holanda, França, Itália, Zimbabué, entre outros", refere-se na informação da CTA, acrescentando-se que serão discutidos projetos avaliados em cerca de 1.200 milhões de dólares (1.112 milhões de euros).
Durante a CASP haverá sessões bilaterais "dedicadas ao diálogo e promoção de parcerias e negócios com países estratégicos de Moçambique", para atração de investimentos, nomeadamente com o Brasil, Portugal, França (com uma delegação de 14 empresas do setor da energia) e da União Europeia.
PVJ // VM
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