"De acordo com o plano de desenvolvimento aprovado ao longo dos próximos 25 anos, portanto 30 anos que são parte deles para a construção e montagem deste sistema, cuja implementação durará 25 anos, (...) o Governo arrecadará 23 mil milhões de dólares em receitas, impostos e outras contribuições", afirmou hoje o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa.

Nas declarações semanais aos jornalistas, em Maputo, o porta-voz acrescentou que adicionalmente, o projeto, aprovado esta semana pelo Governo, "prevê ainda a disponibilização de gás natural ao mercado doméstico na proporção de 25% do total do gás a ser produzido, conforme a legislação nacional, e o condensado em 100% para a geração de energia", permitindo o "desenvolvimento de projetos de industrialização de Moçambique".

"O projeto vai igualmente gerar 1.400 empregos para moçambicanos, prevendo-se a implementação de um plano de sucessão para o aumento da qualificação e maior disponibilidade de mão-de-obra moçambicana no setor petróleo e gás", acrescentou.

O Governo moçambicano aprovou na terça-feira o investimento de 6.600 milhões de euros para o projeto de GNL Coral Norte, com previsão de produção de 3,5 milhões de toneladas anuais (mtpa) e arranque em 2028.

"O plano constitui a segunda fase de desenvolvimento do campo Coral Norte, FLNG, e consiste em uma infraestrutura flutuante de liquefação de gás natural com a capacidade de 3,55 milhões de toneladas por ano e seis poços de produção, avaliados em cerca de 7,2 mil milhões de dólares norte-americanos, cujo início de produção está previsto para o segundo trimestre de 2028", anunciou o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa.

O governante falava aos jornalistas no final da reunião semanal daquele órgão, na qual foi apreciado e aprovado o decreto em que se "aprova o plano de desenvolvimento do projeto Coral Norte", para o desenvolvimento e produção de 3,5 mtpa de GNL, durante 30 anos, na área 4, da petrolífera italiana Eni, no 'offshore' da bacia de Rovuma.

O diretor-executivo da petrolífera Eni, Cláudio Descalzi, garantiu em 16 de janeiro ao Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que previa alargar a operação no projeto de GNL na bacia do Rovuma, "projetando Moçambique no panorama global" gás natural.

Fonte da petrolífera Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, disse em outubro de 2023 à Lusa que estava a discutir com o Governo o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira (Coral Sul) e designada Coral Norte, para aumentar a extração de gás.

"A Eni finalizou o Plano de Desenvolvimento, que está atualmente em discussão com os parceiros e o Governo de Moçambique para aprovação final. Ao mesmo tempo, a Eni está a avançar com processos de aquisição, estudos de impacto ambiental, etc, incluindo contratos associados à perfuração", disse fonte oficial da petrolífera italiana, questionada pela Lusa.

Este plano envolve a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG para a área Coral Norte, idêntica à que opera na extração de gás, desde meados de 2022, na área Coral Sul.

Num estudo da consultora Deloitte concluiu-se em 2024 que as reservas de GNL de Moçambique -- que conta atualmente com projetos em curso ou em estudo de multinacionais petrolíferas como a TotalEnergies, ExxonMobil e Eni - representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares (96,2 mil milhões de euros), destacando a importância internacional do país na transição energética.

"As vastas reservas de gás do país poderão fazer de Moçambique um dos dez maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040", referia-se no relatório.

 

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