Com a região do Algarve em situação de seca e com as reservas de água em níveis mais baixos do que a média da última década, a AMAL defendeu a necessidade de construção de duas novas áreas de armazenamento de água em cursos fluviais da região e colocou-se ao lado da Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento do Algarve (ABPRSA) na defesa das vantagens da criação destas duas novas barragens na região.
"Para os municípios algarvios, é indiscutível que os projetos de Alportel e da Foupana terão um peso significativo na capacidade de armazenamento de água na região e esperam, por isso, que as duas barragens sejam de facto construídas, à semelhança do que deseja a associação de regantes que, na voz de Macário Correia, presidente da ABPRSA, detalhou aos autarcas as mais-valias destes projetos, na passada reunião de 10 de janeiro", argumentou a AMAL num comunicado.
A Comunidade Intermunicipal do Algarve, que representa os 16 municípios do distrito de Faro, destacou também a importância da construção destas barragens para o setor urbano, onde se inclui o abastecimento à população, para além dos "ganhos para o setor agrícola" que produziria o aumento das reservas de água armazenada em duas novas albufeiras.
"No caso da Foupana, por exemplo (já perspetivada em 1991), significa um reforço do sotavento [este] e do barlavento [oeste], que poderá ajudar a baixar as tarifas de água doméstica", argumentou a AMAL.
Os autarcas algarvios defenderam também a importância de "aproveitar a água que é debitada pela ribeira da Foupana", que quantificaram em "cerca de 50 hectómetros cúbicos, pelas contas da ABPRSA".
Este volume de água representa um "acréscimo significativo" na capacidade de armazenamento da região e "seria, também, importante para aumentar o perímetro de rega do sotavento, estendendo-o desde a Campina de Moncarapacho [no concelho de Olhão] até Almancil [no concelho de Loulé]", sustentou a AMAL.
Desta forma, acrescentou, seria garantida "a independência da atividade agrícola de um aquífero com grande pressão" e evitada a contaminação por intrusão salina que já se verifica em "alguns pontos" das reservas subterrâneas da região.
O Algarve conta atualmente com seis barragens, quatro no barlavento (Arade, Odelouca, Bravura e Funcho) e duas no sotavento (Odeleite e Beliche).
A barragem da Foupana nasce na serra do Caldeirão e percorre os concelhos de Alcoutim e Castro Marim, até desaguar junto à foz da ribeira de Odeleite, afluente do rio Guadiana.
A ribeira de Alportel nasce no Barranco do Velho, no concelho de Loulé, e desagua em Tavira.
Em outubro de 2024, a ABPRSA lançou concurso para a criação de uma barragem de fins múltiplos na ribeira de Alportel, que irá permitir a proteção da cidade de Tavira contra cheias e o aproveitamento hidroagrícola no sotavento algarvio.
A associação de regantes do sotavento algarvio já tinha anunciado, em setembro de 2023, a abertura de um concurso para o projeto da barragem da Foupana.
Além de novas barragens, está prevista também a construção de uma dessalinizadora de água do mar em Albufeira ou a captação de água no rio Guadiana a partir do Pomarão, projetos que contam com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O PRR destinou 200 milhões de euros para medidas de combate à seca ao abrigo do Plano de Eficiência Hídrica do Algarve, que prevê ainda medidas como o combate às fugas nas redes de abastecimento ou o aproveitamento da água tratada para rega de campos golfe.
MHC //FPB
Lusa/fim
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