A divisão de Investigação Criminal da PSP realizou buscas nas casas do deputado do Chega Miguel Arruda em Lisboa e também em São Miguel, nos Açores, de onde é natural. Miguel Arruda é suspeito de ter furtado malas de outros passageiros no aeroporto, na zona de recolha de bagagens, durante viagens que fez como deputado, entre os Açores e a capital.

Quem é Miguel Arruda?

Miguel Arruda é deputado do Chega eleito pelo círculo dos Açores, é membro da Comissão de Agricultura e Pescas. É licenciado em Ciências Biológicas e da Saúde e tem pós-graduações em Segurança Alimentar e Saúde Pública e ainda em Engenharia da Qualidade.

É um dos deputados que mais assume a palavra na Assembleia da República (AR), sobretudo nos ataques à esquerda, sendo bastante ativo também nas redes sociais.

Recentemente tem demonstrado também apoio ao militante neonazi Mário Machado, que apelidou de "preso político”.

De que é acusado?

Miguel Arruda é suspeito de furto qualificado.

O deputado foi visto a dirigir-se para o tapete de bagagens, nos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada, e a roubar as malas de outros passageiros, algo que terá acontecido durante vários meses.

As suspeitas surgiram em novembro, altura em que começou a investigação.

Como foi apanhado o suspeito?

Miguel Arruda foi apanhado nas câmaras de videovigilância a cometer estes crimes. O deputado usava uma mala maior para colocar outras dentro, numa espécie de matrioska.

O deputado do Chega chegou mesmo a levar esta mala maior, idêntica às de viagens de longa distância, para a Assembleia da República.

As malas foram recuperadas?

Todas não, até ao momento. Nas buscas realizadas esta terça-feira, foram, ainda assim, encontradas algumas, bem como também parte do conteúdo, nomeadamente roupa, jóias, relógios e produtos de higiene como cremes e perfumes.

As autoridades esperam agora encontrar as restantes malas e o respetivo conteúdo.

Arruda confessou?

Sim. Miguel Arruda confessou os crimes, foi constituído arguido pelo crime de furto qualificado e prestou termo de identidade e residência.

O Chega já reagiu?

Sim. André Ventura, líder do partido, já se pronunciou sobre o caso.

"Tive oportunidade de informar o deputado que é preciso dar explicações. Nós não nos refugiamos nem nos escondemos e é preciso dar a cara em público, quais os motivos para isto, qual a explicação. Se essa explicação não for satisfatória o suficiente, então, como é a boa prática política, esse mandato [de deputado] não tem condições de continuar a ser exercido", afirmou o presidente do Chega.

Como deputado, Arruda tem imunidade parlamentar. O que significa isto?

Por ser deputado, Miguel Arruda não pode ser detido ou ouvido, com rara excepções previstas na lei. O Ministério Público terá de pedir ao um juiz o levantamento da imunidade, e o juiz terá, por sua vez, de apresentar esse pedido ao presidente da Assembleia da República ou à Comissão da Transparência e Estatuto dos Deputados, que deverá pronunciar-se.

Contudo, o seu advogado já referiu a possibilidade de o próprio deputado pedir o levantamento da mesma, processo esse que deverá demorar entre duas a três semanas.

Que pena arrisca?

O crime de furto qualificado, sendo que neste caso foram vários, é punido com pena de prisão até cinco anos ou 600 dias de multa.