“Vamos tentar juntou da oposição. Amanhã [quinta-feira] vamos estar reunidos com Pedro Nuno Santos, às quatro da tarde, na sede do Partido Socialista, onde vamos expor as atrocidades que o Governo está a fazer, o ato antidemocrático que o Governo fez, que foi negociar na clandestinidade com esses seis sindicatos que não têm sequer representação significativa nos bombeiros sapadores”, disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS), Ricardo Cunha.
O Governo assinou hoje um acordo sobre aumentos salariais e criação do suplemento de risco, designado de suplemento do bombeiro, com seis sindicatos que representam estes profissionais, ficando de fora o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, que diz ser o mais representativo, e o Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil.
Ricardo Cunha avançou que para já vai reunir-se com o presidente do maior partido da oposição para que o PS possa apresentar medidas na Assembleia da República que “visem valorizar esta carreira para garantir a atratividade e o futuro desta profissão e garantir que o suplemento de risco, por exemplo, seja idêntico ao das forças de segurança”.
O presidente do SNBS frisou ter agora esperança que os deputados da Assembleia da República aprovem as medidas relacionadas com a carreira dos bombeiros, tendo para já apenas marcada uma reunião com o secretário-geral do PS.
“Agora temos reunião com o Partido Socialista, que é o maior. Se o PS apresentar uma proposta, estamos em querer que os restantes partidos a vão validar, porque acho que ninguém na Assembleia da República está contra os bombeiros, a não ser o Partido Social Democrata, porque apoia um Governo que não valoriza estes profissionais”, salientou.
O sindicalista disse também que foi surpreendido porque ao que “parece a proposta assinada pelo Governo com estes sindicatos foi diferente daquela apresentada” ao SNBS.
“Se assim for, vamos falar com o nosso advogado no sentido de impugnar, porque não faz sentido o Governo apresentar uma coisa a uns e a outros apresentar outra coisa”, referiu, acusando os sindicatos que assinaram o acordo de terem “traído os bombeiros mais uma vez” e de “andarem numa campanha lamentável a tentar convencer os bombeiros para aceitar” o acordo num “clima do medo e da coação”.
No final da cerimónia, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial considerou “um bom acordo” para os bombeiros sapadores o documento assinado com seis sindicatos, avançando que terão um aumento de 379 euros até 2027 no início de carreira.
Ricardo Cunha considerou “completamente falsas” estas declarações do ministro, alegando que já está a incluir todos os suplementos e que os sapadores vão receber uma valorização salarial, no base, entre os 5 e 10 % de aumento.
O SNBS pede um aumento salarial de 200 euros e um suplemento de risco de 400 euros.
O acordo hoje assinado prevê uma revisão da tabela remuneratória, que se vai processar de forma faseada entre janeiro de 2025 e janeiro de 2026, e a criação de um novo suplemento, designado suplemento do bombeiro sapador, que será calculado sobre o vencimento base com um aumento faseado - 10% em 2025, 15% em 2026 e 20% em 2027, no caso dos praças.
O acordo foi assinado pelos sindicatos que apresentaram uma proposta conjunta - Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), Sindicatos dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) e Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) - e pelo Sindicato Nacional da Proteção Civil (SNPC).
As negociações entre o Governo e os bombeiros sapadores ficaram marcadas por vários protestos com rebentamento de petardos e lançamento de tochas, além de uma ocupação da escadaria da Assembleia da República.
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