
"O porto de Tibar representa um progresso significativo para Timor-Leste aceder a uma cadeia e mercados globais melhores, mais eficientes e competitivos, o que proporciona maiores incentivos para atrair mais investimentos privados para as indústrias orientadas para as exportações", disse José Ramos-Horta na inauguração da infraestrutura.
"O objetivo do porto de Tibar é facilitar e promover a economia e fazer de Timor-Leste um centro de carga regional. Por conseguinte, é importante assegurar que o porto fornece serviços eficientes com uma tarifa competitiva que permita o crescimento das empresas, do comércio e do setor privado no país", explicou.
Ramos-Horta disse que a estrutura, que já está a funcionar há mais de um mês, poderá ter um papel central depois da esperada adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em 2023.
"O porto de Tibar desempenhará um papel primordial no processo de adesão, sendo uma das infraestruturas-chave para ligar os países da ASEAN, aumentar o comércio e criar oportunidades de negócio para os empresários de Timor-Leste e da ASEAN", afirmou.
Intervindo na mesma ocasião, José Agustinho da Silva, ministro dos Transportes e Comunicações, destacou a importância que a nova infraestrutura terá na economia nacional, representando tecnologia de ponta que facilitará o comércio de e para Timor-Leste.
Apesar dos desafios que condicionaram a obra, incluindo a pandemia da covid-19 e as cheias de 2021, o novo porto é uma "nova referência no processo de desenvolvimento nacional", afirmou o governante.
"Este é um dos maiores portos da região, equipado com o mais recente equipamento e tecnologia, e respeitando os melhores padrões e códigos internacionais", enfatizou.
José Ramos-Horta saudou a "visão" do ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão, que iniciou há cerca de uma década o desenvolvimento do projeto e aos governos seguintes que lhe deram continuidade, permitindo criar "um dos mais significativos desenvolvimentos de infraestruturas no setor dos transportes, que materializam a visão de Timor-Leste para a diversificação económica".
"Apesar dos múltiplos desafios enfrentados durante o processo de construção, conseguimos finalmente concluir a construção do porto que é fundamental para a nossa economia e comércio, e que nos ligará aos mercados regionais e globais em maior escala", afirmou.
"Esta construção sob diferentes governos mostra um forte compromisso dos partidos nacionais envolvidos em pôr de lado diferenças políticas a bem dos interesses mais elevados do país", afirmou.
O chefe de Estado enalteceu ainda o contributo dado ao projeto por vários engenheiros timorenses, "incluindo várias mulheres", e o facto de a infraestrutura ser "maioritariamente operado por trabalhadores timorenses" -- foram contratados cerca de 400.
"Estou muito otimista de que a economia do país continuará a crescer e que o tráfego de carga através do porto de Tibar aumentará de forma constante. Espero que mais timorenses sejam treinados e trabalhem neste porto no futuro", disse.
A obra, considerada a maior infraestrutura jamais construída em Timor-Leste e que começou a ser pensada pelas autoridades timorenses em 2013, é igualmente o primeiro projeto operado em modelo de parceria público-privada, envolvendo a Timor Port, concessionária da francesa Bolloré.
Localizado a cerca de dez quilómetros a oeste de Díli, na baía de Tibar, o projeto contou com a participação da International Finance Corporation (IFC), do grupo do Banco Mundial.
A primeira fase do projeto (construção, equipamento e operação do porto) foi avaliada em 278,3 milhões de dólares (268,4 milhões de euros), com o Governo timorense a financiar 129,45 milhões de dólares (124,84 milhões de euros) e o parceiro privado os restantes 148,85 milhões (143,55 milhões de euros).
A Bolloré contratou para a construção do projeto a empresa pública chinesa China Harbour.
O porto terá capacidade para receber navios até 7.000 TEU (TEU = contentor de 20 pés), com uma área total de 27 hectares, um cais de 630 metros e uma profundidade de 16 metros, um canal de entrada com 200 metros de largura e um círculo de viragem com 600 metros de diâmetro.
No final do período de concessão de 30 anos, o porto e todos os seus equipamentos revertem para o Estado timorense, livres de quaisquer encargos e em perfeitas condições de continuar a operação.
Com 80 metros de altura, as duas gruas instaladas em maio, são o elemento mais visível da infraestrutura que começou a operar a 30 de setembro, pondo fim à vida do porto de Díli, no centro da cidade, para atracagem de navios mercantes.
Mais do que uma mudança no espaço, a operacionalização dos 27 hectares do porto de Tibar representa uma alteração significativa nos transportes marítimos de carga de e para Timor-Leste.
Até aqui, o transporte de carga era fortemente condicionado pela dimensão limitada do porto de Díli, por só receber navios com grua, que não existe em terra, por atrasos no processamento de contentores, 'custos extra', muitas vezes 'escondidos', e um forte impacto no espaço urbano da cidade, com torres de contentores e trânsito de camiões.
Philippe Labonne, diretor-executivo da Bolloré Ports, destacou hoje a "excelente colaboração" com as autoridades timorenses, que permitiram ao projeto avançar apesar de impactos como a pandemia da covid-19.
"A construção do projeto é apenas o primeiro passo na nossa parceria com o governo de Timor-Leste. Estamos empenhados em operar este novo porto da baía de Tibar, em proporcionar aos nossos colaboradores condições de trabalho decentes, contratar e formar cidadãos timorenses e transferir o nosso 'know-how' para a futura geração de timorenses", afirmou.
"Promoveremos pequenas e médias empresas locais que serão as nossas subcontratadas e contribuiremos para a visão de desenvolvimento económico e social do Governo de Timor-Leste", afirmou.
ASP // JH
Lusa/Fim
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