Entre os presos políticos libertados está jornalista Ana Carolina Guaita, presa a 02 de agosto, segundo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela.
Através da rede social X, a ONG CLPP explicou que do total de libertações - registadas entre sexta-feira e hoje, segundo familiares dos detidos - 37 presos estavam detidos na prisão de Tocorón, 13 na de Tocuyito e 10 em Las Crisálidas.
De acordo com a ONG, em Tocorón e Tocuyito "estão a usar veículos oficiais e ambulâncias para transportar os presos políticos, principalmente à noite". "Deixam-nos nos terminais apenas com o que têm vestido e estes têm de telefonar aos seus entes queridos para os ajudarem a regressar às cidades de residência", adiantou.
O Ministério Público já tinha anunciado na sexta-feira à noite 200 novas libertações de pessoas detidas após as eleições presidenciais, o que no acumulado dava um total de 733 libertações, concedidas após um pedido de revisão destes casos à justiça.
No entanto, o Comité para a Liberdade dos Presos Políticos afirmou que "há sérias dúvidas sobre o número oficial", uma vez que, acrescentou, "não é a primeira vez que se dizem mentiras sobre o número de pessoas libertadas".
"Além disso, persiste a política de opacidade do governo, que não fornece informação atempada, relevante, verificável, de qualidade e de livre acesso das instituições do Estado", afirmou.
As últimas libertações foram feitas numa altura de novas detenções, como as de quatro membros do partido Vente Venezuela, liderado por María Corina Machado; do ex-conselheiro de Caracas Jesús Armas; do presidente da câmara de Cabimas, estado de Zulia (noroeste), Nabil Maalouf; do ativista Luis Palocz; e do líder camponês Carlos Azuaje.
Além disso, ONGs, familiares e ativistas denunciaram as três mortes na prisão - uma em novembro e duas este mês - de detidos no contexto pós-eleitoral, casos que a maior coligação da oposição - a Plataforma Democrática Unida (PUD) - pede que sejam documentados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que investiga a alegada prática de crimes contra a humanidade n a Venezuela.
Através do X, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP)o SNTP recordou que a jornalista Guaita, que também foi agora libertada, trabalha para o meio de comunicação digital venezuelano La Patilla e esteve presa durante mais de quatro meses, tendo sido acusada de terrorismo, incitamento ao ódio e obstrução de vias públicas.
Na mesma rede social, o Colégio Nacional de Jornalistas (CNP) comemorou a saída de Guaita da prisão, afirmando que "ela nunca deveria ter sido detida" porque "não cometeu nenhum crime".
O CNP recordou ainda que há ainda vários jornalistas detidos, 11 no total, segundo a contagem da organização, a maioria dos quais após as eleições de 28 de julho.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, e registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela ainda não divulgou as atas do sufrágio desagregadas por assembleia de voto.
O próximo Presidente da Venezuela tomará posse a 10 de janeiro de 2025 para um mandato de seis anos.
ATR (FPG)// SF
Lusa/Fim
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