"Há várias dimensões da segurança e nenhuma delas deve ser fraca. A dimensão policial e judiciária, quem comete crime será apanhado e punido, as polícias Nacional e Judiciária têm que ter braços longos para apanhar o criminoso onde ele estiver, a Justiça mão pesada nos termos da lei e da Constituição da República", pediu o chefe do Governo.

Ulisses Correia e Silva falava, na cidade da Praia, na sessão solene de comemoração do 152.º aniversário da criação do Corpo de Polícia de Cabo Verde, atual Polícia Nacional, e um dia após o Tribunal da Praia ter libertado sete elementos detidos que resistiram sob ameaça de arma de fogo e barricados a uma operação daquela força policial, numa decisão que suscitou muitos comentários contra nas redes sociais.

Sem se referir diretamente a este caso, o chefe do Governo reconheceu, porém a "boa colaboração" entre as polícias e justiça, nomeadamente nas operações especiais, mas disse que a vitimização não pode ser justificativa para o crime, particularmente resultante da insegurança urbana.

"O crime deve ser combatido com eficácia e com resultados a nível policial e judicial", insistiu o primeiro-ministro, numa sessão assistida pelos mais altos representantes da Justiça cabo-verdiana, bem como agentes policiais, deputados, corpo diplomático, sociedade civil, entre muitas outras personalidades.

"Quando à fraca autoridade se junta o populismo e a vitimização social, os fertilizantes da violência e criminalidade urbana ficam mais fortes para germinar o crime", alertou Correia e Silva, mostrando-se disponível para reforçar as parcerias com as câmaras municipais, organizações não-governamentais, associações comunitárias, famílias, igrejas e as escolas.

"Para tornar o terreno menos fértil à criminalidade urbana, particularmente nesta cidade da Praia", entendeu, dizendo que não há situações dramáticas e que não se deve dramatizar, mas sim que há um "campo vasto" de intervenção para reforçar ainda mais a prevenção, a ação e o sentido de responsabilidade individual e coletiva.

Garantindo que o Governo vai continuar a investir na segurança, Ulisses Correia e Silva mostrou-se igualmente disponível com o desenvolvimento institucional da Polícia Nacional, mesmo em tempos difíceis, de uma instituição que tem cumprido com a sua missão.

Este compromisso foi reforçado pelo ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, garantindo "tudo fazer" para continuar a corresponder às necessidades da Polícia Nacional e a melhoria das condições pessoais e de trabalho.

Exemplo disso é que em fevereiro próximo 132 formandos terminam o 11.º curso de agentes de segunda classe, para entrar em funções no mês seguinte.

"Representando um contributo essencial no reforço e no rejuvenescimento do efetivo policial", salientou Paulo Rocha, nesta que é a primeira leva de formandos após a pandemia de covid-19, que levou à suspensão dos cursos.

Paulo Rocha deu conta ainda que estão a ser implementadas várias linhas de ação e que no plano operacional e da segurança urbana os desafios são mais complexos, o que leva à tomada de "medidas e ações robustas" nos domínios estratégicos, reforço legal e meios operacionais.

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