De acordo com o relatório e contas de 2019 da Enacol, a saída do Estado de Cabo Verde da empresa, que ainda detinha uma posição de 2,1% com uma 'golden share', marcou a atividade da distribuidora petrolífera no último ano.

"Em 2019 assistimos (...) à saída de um dos principais acionistas da Enacol e que esteve na génese da sua constituição, o Estado de Cabo Verde. Foi com satisfação que constatámos que a procura à compra destas ações superou em muito a oferta, o que é demonstrativo da confiança que existe na empresa", lê-se no relatório e contas.

Segundo o documento, à data de 31 de dezembro de 2019, a portuguesa Galp mantinha uma posição de 48,29% na estrutura acionista, enquanto a sucursal cabo-verdiana da angolana Sonangol continuava com a posição de 38,99%.

Desta forma, as duas petrolíferas mantiveram as respetivas participações inalteradas, com a venda da posição do Estado a ser feita aos pequenos acionistas, que passaram a ter um peso de 12,72% no capital social da Enacol, de um milhão de ações no valor total de mil milhões de escudos (nove milhões de euros).

A Galp (inicialmente através da Petrogal) e a Sonangol estão no capital social da Enacol desde a sua privatização, em 1996.

As ações da Enacol que se transacionam livremente no mercado bolsista cabo-verdiano correspondem a 35% do capital social. Fora desse âmbito encontram-se 32,5% de ações da Galp Marketing International e 32,5% da Sonangol Cabo Verde.

A Lusa noticiou em julho que a venda da participação do Estado de Cabo Verde na Enacol levou a distribuidora de combustíveis cabo-verdiana a valorizar em 65,6% as ações, segundo o relatório bolsista anual.

O relatório extensivo de 2019 da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BCV) confirmou na altura, pela primeira vez, que a venda da participação estatal na distribuidora de combustíveis, de 2,1%, foi concluída em dezembro, levando a Enacol a fechar o ano com um valor de 3.826 escudos (34,5 euros) por ação.

Trata-se do valor mais alto desde o pico de 4.301 escudos (38,8 euros) atingido em 2014, mas que também compara com o mínimo de 2.000 escudos (18 euros) em 2016.

"A valorização das ações da Enacol pode ser explicada pela reação que o mercado teve à elevada procura registada na Oferta Pública de Venda ao preço unitário de 3.991 escudos [36 euros], cuja liquidação física e financeira ocorreu em meados de dezembro", referia então o relatório.

Em 30 de junho de 2019, vários meses antes do anúncio da venda da posição do Estado, cada ação da Enacol valia 2.772 escudos (25 euros).

O Governo cabo-verdiano anunciou em novembro a venda da participação de 2,1% (21.000 ações) na Enacol, mas os direitos dessa 'golden share' - conferindo "direito de veto" em deliberações relativas a alterações do contrato de sociedade, à fusão, à cisão, à transformação e à dissolução de sociedade, entre outras matérias - não transitariam para os novos acionistas.

Com a operação, o Estado encaixou quase 84 milhões de escudos (760 mil euros).

A Enacol foi criada em 1979 e tem uma quota de mercado na distribuição em Cabo Verde de produtos petrolíferos superior a 55%.

PVJ // VM

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