
"O crescimento demográfico afeta a nossa capacidade de expandir a oferta de vagas nas escolas e reduzir o rácio professor -- aluno", disse Nyusi.
O chefe de Estado falava durante um encontro com organizações dos professores, por ocasião do Dia do Professor, que se assinala hoje em Moçambique.
O aumento demográfico e o consequente incremento da população estudantil, prosseguiu, também têm dificultado o devido equipamento das instituições de ensino e a provisão de condições profissionais e de vida adequadas aos docentes.
Filipe Nyusi assinalou que a população moçambicana saltou de cerca de nove milhões de pessoas em 1975, ano da independência do país, para cerca de 32 milhões atualmente.
Nyusi apontou, ainda, as limitações orçamentais, o impacto das mudanças climáticas e o conflito armado na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, como outros fatores que concorrem para travar uma educação de melhor qualidade.
"Estes e outros desafios não apenas afetam o futuro dos serviços educativos, como também a sua qualidade", acrescentou.
O chefe de Estado moçambicano criticou os setores da sociedade que apontam a má qualidade da educação sem apresentar soluções.
"Eu não quero dizer que está tudo bem e nunca estará em nenhum momento nem em nenhum país", enfatizou.
O Presidente moçambicano reiterou a promessa do Governo de corrigir as falhas registadas na implementação da Tabela Salarial Única (TSU), um novo modelo salarial muito contestado pelos professores e por outras classes profissionais da Administração Pública.
O presidente da Associação dos Professores Unidos (APU) de Moçambique disse à Lusa que a classe enfrenta um contexto "penoso", como a sobrelotação e degradação de salas de aula e baixos salários, que tornam desinteressante festejar hoje o seu dia.
"É penoso trabalhar nessas condições", porque "a própria maneira de trabalhar do professor no país não é desejável", afirmou Avatar Cuamba, a propósito do Dia do Professor.
Cuamba afirmou que os professores moçambicanos, principalmente os dos ensinos primário e secundário, são obrigados a trabalhar com turmas compostas pelo dobro do número de alunos recomendados, havendo até casos em que numa sala estão até 90 alunos.
"É fixado que a turma do ensino secundário geral deve ser de 45 alunos, mas nós percebemos que essas acabam chegando, algumas, até 90 alunos", avançou.
PMA // MLL
Lusa/Fim
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