"A direção da associação reuniu-se em sessão extraordinária e decidiu suspender a greve por mais 30 dias", disse Anselmo Muchave, presidente da APSUSM, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

Segundo o responsável, a suspensão resulta das conversações mantidas com o Governo desde o anúncio, no domingo, do regresso à greve e que culminaram com o cumprimento de alguns pontos da reivindicação, entre os quais o enquadramento dos profissionais de saúde, visitas de monitorização às unidades hospitalares e a resolução das irregularidades no pagamento de subsídios.

No encontro, o Governo moçambicano apresentou documentos, entre "guias de remessa e recibos", que provam a intenção de se adquirir ambulâncias, medicamentos, equipamento médico (uniformes, seringas, luvas fios de sutura, aventais de borracha e mobiliário hospitalar), além do pagamento de horas extraordinárias até ao fim de abril, algumas das queixas apresentadas pelos profissionais, segundo o presidente da associação.

"Os encontros técnicos entre a APSUSM e o Governo continuarão a acontecer" para monitorizar a efetivação dos pontos expostos, disse Anselmo, referindo que as horas extraordinárias de pelo menos 60 mil profissionais de saúde já foram pagas.

No domingo, a associação dos profissionais de saúde anunciou a retoma à greve, acusando o Governo de incumprimento dos acordos alcançados após a suspensão de uma primeira paralisação em agosto de 2023.

Em causa estava uma negociação que esteve em curso em 2023 entre o Governo moçambicano e a APSUSM, uma associação que abrange cerca de 65.000 profissionais e que esteve em greve entre agosto e novembro de 2023, por melhores condições de trabalho no setor público.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou em julho e agosto de 2023 uma crise provocada por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM) e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), ambos interrompidos para dar espaço ao diálogo com o Governo.

Entre outros aspetos, no seu caderno reivindicativo, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da "falta de alimentação" nas unidades de saúde, bem como equipar ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou de equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso".

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