"Os efeitos inicialmente anunciados pelo primeiro-ministro foram totalmente dissipados pela sua inabilidade, mas também pelo facto de a remodelação ter correspondido a um vulgar preenchimento de vagas geradas por uma contínua degeneração do poder, descredibilizando-se e perdendo total confiança aos olhos do povo e da comunidade internacional", lê-se num comunicado colocado hoje na página do Facebook do ADI.

Para este partido da oposição, este "não acontecimento" surge depois de "um longo período de suspense, exageradamente demorado e irritante", e mostra a "confusão no seio da maioria governamental e a notória crise de liderança que afeta irremediavelmente e em primeiro lugar um primeiro-ministro frouxo, perdido nas suas próprias contradições e alucinações, sem rumo e exclusivamente guiado pelas suas ambições argentárias e circunstâncias envolventes explicam os avanços e recuos, as tergiversações e a cacofonia reinantes".

Considerando que houve uma "recusa sistemática dos novos convidados", a ADI aponta baterias às nomeações, afirmando que as escolhas mostram que o primeiro-ministro "abriu mão facilmente dos valores, não só democráticos, como também morais e éticos".

Em causa, apontam, está a manutenção do ministro das Obras Públicas e de secretários de Estado, que a ADI diz estarem envoltos em processos judiciais, o mesmo acontecendo com o promovido tutelar da Justiça, "um ministro de conveniência da descentralização, visivelmente envolvido em mais um escândalo de comercialização, tráfico e uso indevido dos passaportes do Estado", e com o secretário de Estado das Infraestruturas, recursos Naturais e Ambiente, que "falsificou um sem número de documentos" oficiais.

"Fica, pois, claro aos olhos de todos que o país está em presença de um governo que chegou indiscutivelmente ao fim da linha, apoiado por uma coligação moribunda e já nada mais é capaz de oferecer ao povo e que deve ser removido para o bem da nação", conclui-se no comunicado no Facebook.

De acordo com o decreto presidencial 02/2022, o antigo ministro da Defesa Óscar Sousa, que tinha saído do cargo em agosto passado, foi substituído por Jorge Amado, com Filomena Monteiro a assumir o cargo de ministra da Saúde, deixado vago pela demissão de Edgar Neves, no mês passado.

Cílcio dos Santos, ministro dos Assuntos Parlamentares, Reforma do Estado e Descentralização que entrou para o executivo em 2020, passa a ficar com a pasta da Justiça, Administração Interna e Direitos Humanos, que era ocupada por Ivete da Graça Correia, agora afastada do Governo.

Para secretário de Estado das Obras Públicas e Ambiente, Jorge Bom Jesus escolheu Ernestino Jesus da Costa Gomes, que substitui Eugénio Vaz do Nascimento que tinha entrado no Governo no ano 2020.

O atual ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social e Novas Tecnologias, Wuando Borges Castro de Andrade, que esteve ausente na cerimónia de posse, passa a acumular a pasta dos Assuntos Parlamentares, substituindo Cílcio dos Santos, mas perde a pasta da Comunicação Social.

O primeiro-ministro já tinha anunciado em setembro, após as eleições presidenciais, que estava a preparar uma remodelação governamental, mas veio a admitir mais tarde que poderia não ter apoio parlamentar para tal, o que poderia precipitar a queda do executivo na Assembleia Nacional.

O Governo são-tomense é apoiado no parlamento pela chamada 'nova maioria', através de um acordo entre o partido de Bom Jesus, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP/PSD) e a coligação PCD-MDFM-UDD, com 28 deputados num total de 55.

MBA (JYAF) // JH

Lusa/Fim