![União Africana presidida por um país lusófono](/assets/img/blank.png)
Carlos Vila Nova falava aos jornalistas à margem da 38.ª cimeira da União Africana, que decorre até domingo em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde esta sediada esta organização de 55 Estados-membros.
O dia ficou hoje marcado com a passagem da presidência rotativa para Angola, pela primeira vez, e pela eleição do novo líder da comissão que dirige a União Africana a nível continental, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti, em substituição de Moussa Faki que termina o seu mandato de quatro anos,
Sobre a presidência angolana da União Africana, Carlos Vila Nova diz ser "um motivo de orgulho" e de "alegria" por ser a primeira vez que um país lusófono ocupa o lugar.
"Eu felicitei esta manhã o Presidente João Lourenço quando estivemos a conversar e desejei-lhe muita boa sorte, podia contar connosco", disse, salientando que São Tomé e Príncipe vai apoiar Angola "para ter um bom mandato à frente da União Africana"
Vila Nova lembrou que São Tomé e Príncipe ocupa agora a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o que poderá trazer ainda mais vantagens.
Congratulou-se também com a eleição do presidente e do vice-presidente da Comissão da União Africana, admitindo que o facto de terem sido necessárias sete rondas fez "alguma confusão".
"Não estava muito habituado, acho que é democracia a mais", afirmou, defendendo uma escolha mais simplificada no futuro, mantendo o pendor democrático.
Sobre o tema do pagamento de reparações a África pelo domínio colonial, um dos temas fortes da cimeira, defendeu que não deve haver medos de abordar a questão, mas "não é um assunto que se repara com compensações financeiras", e sim a nível do reconhecimento histórico.
"Então, vamos falar descomplexadamente sobre o assunto. A relação que nos une, os países PALOP, os países da CPLP, ela é histórica, ela é consanguínea. Eu tenho o apelido Vila Nova, eu tenho Vilas Novas no Brasil, no Noroeste de Portugal, em Espanha, por todo lado, até há casas comerciais com o meu apelido e no meu país pensam que o negócio é meu (...). Este mundo lusófono é muito pequeno, ele está muito entrelaçado e nós temos de tirar vantagens disso".
Quanto ao perdão de dividas como forma de compensação, considera que não se justifica e poderia ser encarado como "uma forma de fazer chantagem".
Vila Nova abordou ainda o tema dos conflitos em África que "devem merecer uma atenção muito séria", com destaque para o leste da República Democrática do Congo (RD Congo).
"Não se pode apoiar nenhum grupo rebelde, e quando um Estado, um país apoia abertamente um Estado a troco de não sei o quê, há pessoas que vão morrer sem saberem porque estão a morrer, há pessoas a saírem das suas casas, das suas zonas de residência sem saberem porquê", criticou, condenando o conflito que opõe as forças governamentais congolesas ao movimento M23, apoiado pelo Ruanda, que já ocupou a principal cidade da província do Kivu Norte.
RCR // MAG
Lusa/fim
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