Questionado pelos jornalistas se o Brasil espera financiamento externo para promover políticas para a preservação do meio ambiente, Mourão, que também preside ao Conselho Nacional da Amazónia, disse que a tendência é de que outros governos esperem resultados antes de enviar ajuda financeira ao país.

"A gente não tem que ser mendigo nisso aí. Vamos colocar a coisa muito clara (...) O Brasil é responsável só por 3% das emissões no mundo. Desses 3%, 40% é o desflorestamento, ou seja, 1,2% do que se emite no mundo é responsabilidade do desflorestamento nosso aqui. Tem que fazer nossa parte, dentro do Acordo de Paris", afirmou o vice-presidente brasileiro.

"Não queimamos petróleo e carvão como os demais países queimam, temos uma matriz energética que é limpa e renovável. A gente temos um lugar certo na mesa de conversa sobre mudança no clima", acrescentou.

Na semana passada, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, comprometeu-se em acabar com a desflorestação ilegal no seu país até 2030, numa carta enviada ao chefe de Estado norte-americano, Joe Biden.

Ao longo da carta de sete páginas, enviada na quarta-feira a Biden, Bolsonaro admitiu ainda a possibilidade de o Brasil antecipar para 2050 o objetivo de longo prazo de alcançar a neutralidade climática, dez anos antes da data anteriormente assumida.

"Reitero o compromisso do Brasil e do meu Governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com Vossa Excelência em todos esses objetivos comuns", escreveu Bolsonaro na carta, divulgada à imprensa pela secretaria de comunicação da Presidência brasileira.

Contudo, para alcançar essas metas, Bolsonaro diz que o país precisará de "recursos anuais significativos" e "políticas públicas abrangentes".

"Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados. (...) Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta", indicou Bolsonaro.

Entre os dias 22 e 23 de abril, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, receberá 40 chefes de Estado, entre eles Jair Bolsonaro, numa cimeira virtual dedicada ao clima.

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