Ainda não sabemos até que ponto e durante quanto tempo, mas uma coisa é certa: esta pandemia irá mudar a sociedade e a forma como interagimos enquanto espécie. Mesmo depois de o vírus deixar de ser um problema, seja porque já alcançamos uma vacina ou temos imunidade, muitas serão as marcas deixadas por esta pandemia que irão reflectir-se em vários aspectos do nosso quotidiano. Deixo algumas previsões para um mundo pós-covid:
Tele-trabalho – muita gente percebeu que afinal até dá para trabalhar em casa sem perder produtividade e que sai mais barato do que ter de gastar dinheiro em transportes, combustível e parques de estacionamento, para não falar que almoçar em casa é mais barato também. Muita gente preferirá continuar a trabalhar em casa por vários motivos: tempo poupado no trânsito; poder estar no Facebook ou Pornhub à vontade sem ninguém ver; não ter de aturar colegas chatos.
Máscara – tanto que gozámos com alguns asiáticos por usarem máscara feitos tolos na rua e mal sabíamos que iria fazer parte também da nossa cultura. Prevejo que muito tempo depois da pandemia passar, ficará o hábito de usar máscara por grande parte da população, especialmente em transportes públicos e espaços fechados com grande concentração de pessoas. Pessoas utilizarão mais máscara do que preservativo.
Transportes públicos – com o aumento do tele-trabalho haverá menos carros nas cidades o que fará com que os transportes públicos funcionem melhor e deixem de estar tão cheios. Temo que não deixe de haver pessoas a ouvir música sem auscultadores porque para essa epidemia nunca haverá vacina porque nem toda a gente cria anti-corpos contra a falta de bom senso.
Restaurantes – não sabemos ainda como sobreviverá a restauração a este período, mas tudo aponta para que possam reabrir em breve com um terço da lotação. O que vai acontecer é que o público se vai habituar a isso e a não ter de ficar sentado mesmo colado à mesa de desconhecidos e perder toda a privacidade do que era suposto ser um jantar romântico. Quando os restaurantes voltarem a ter a lotação total, os clientes vão estranhar e refilar do barulho e falta de espaço.
Diversão nocturna – muita coisa irá mudar na diversão nocturna e durante muito tempo as pessoas irão privilegiar pequenos encontros, em casa de amigos, do que ir para grandes multidões. Quando começarmos a retomar o tradição de ir a um bar ou discoteca, talvez levemos o hábito de usar máscara connosco para este contexto o que será uma óptima notícia para os feios e, sobretudo, desdentados.
Menos filas – menos filas de espera nas finanças, no multibanco e nos supermercados. Primeiro, porque os serviços digitais irão melhorar e as pessoas passarão a fazer muito mais compras online; segundo, porque vão morrer muitos velhos que atrasam as filas.
E-sports – Estamos a perceber que o futebol não é assim tão importante para a sociedade e que se calhar os profissionais de saúde é que deviam ter o patrocínio da Nike. Com a quebra abrupta nas receitas de bilhetes nos tempos que se avizinham, os chamados e-sports vão começar a ganhar uma maior preponderância e talvez vejamos a mudança de personalidades do mundo do desporto. Talvez se deixe de idolatrar o Ronaldo para idolatrar o Eurico, nerd de 16 anos, com acne na testa e virgem, campeão do mundo de FIFA 2020.
China – haverá uma mudança do poder mundial que passará dos Estados Unidos da América para a China e isso terá impacto em vários países, incluindo o nosso. As lojas dos chineses passarão a chamar-se apenas “lojas”, mas haverá algumas “lojas dos portugueses.”
Eleger burros – o desastre que se avizinha nos Estados Unidos da América e Brasil talvez sirva como exemplo de que eleger burros não seja uma boa opção, especialmente para países enormes que precisam de uma boa liderança.
Ciência – se a previsão anterior se verificar, também esta deverá acontecer que passará por uma confiança renovada na ciência. Os anti-vacinas, se tudo correr bem, serão menos porque alguns irão morrer para não serem burros e o mundo perceberá que a investigação científica e a medicina comprovada se devem sobrepor às energias e ao reiki, especialmente quando estamos a falar doenças e vírus graves.
Se por acaso nunca previsão se concretizar, podem chamar-me Maya da Buraca ou Maria Helena da Linha de Sintra.
Para ver: O meu espectáculo de stand-up comedy no YouTube – Só de Passagem
Para ver: A série documental Tiger King, na Netflix.
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