Na Lapónia chegou-se aos 33º e em Helsínquia, capital da Finlândia, os termómetros ultrapassaram os 30º, tendo sido assolada por uma tragédia de fogos florestais que terá fortes impactos negativos no ambiente. Há cerca de 15 dias, no Japão, o evento climatérico foram as cheias e, como consequência, as autoridades tiveram que realojar, temporariamente, quatro milhões de pessoas. Nos últimos dias, também foram assolados por uma onda de calor que já provocou mais de 70 mortos. Na República Dominicana, e após uma tempestade tropical, os detritos deram à costa na praia de Montesinos, em Santo Domingo, e as imagens de um manto de lixo e plástico a boiar no mar foram um choque para todo o mundo! E no início desta semana fomos ainda assombrados pelos fogos e pela tragédia humana na Grécia. Se estes eventos, em conjunto, não nos fazem pensar em mudar de vida, que desgraça terá de acontecer para iniciarmos a revolução dos nossos hábitos?

Em Portugal, temos orgulho em sermos campeões da produção de energia renovável, mas depois falhamos quando não declinamos esse enorme feito e fazemos disso um sucesso ambiental do nosso país. Continuamos sem dar incentivos suficientes aos cidadãos (estacionamento gratuito em todos os locais públicos do país, portagens gratuitas ou permissão da utilização das faixas bus são bons exemplos praticados na Noruega), para substituirem a sua viatura por uma elétrica ou híbrida, nem investimos o suficiente para disponibilizar uma rede com um serviço de qualidade e com transportes públicos amigos do ambiente (a Carris e a Câmara Municipal de Lisboa, assim como, a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, deram um excelente exemplo com a compra de autocarros elétricos e a biogás, mas este esforço tem de ser um dever de todos os municipios e operadores de transportes privados).

Não deveriam ser, hoje, todos os transportes públicos, amigos do ambiente, sendo eléctricos, híbridos ou a biogás? E os táxis? E as viaturas ao serviço da Uber e da Cabify? E as viaturas que trabalham no setor do turismo? E os Tuk-Tuk? E as viaturas do estado e das autarquias? Há medidas simples que, se fossem implementadas por todos de forma massiva, (particulares, Estado, privados, autarquias, turismo, empresas de transportes) constituiriam um enorme contributo ambiental para o nosso país e para o mundo diminuindo, ao mesmo tempo, os custos de abastecimento, a nossa dependência dos combustíveis fósseis e reduzindo, significativamente, a balança das importações.

O Ministério das Finanças, deveria olhar para este dossier e avaliar o impacto ambiental e económico destas medidas, a médio prazo, para lançar novos incentivos para todos já no próximo Orçamento de Estado e colocar, como seu objetivo, atingir as emissões zero na frota do Estado. O Fundo Ambiental, liderado pelo Ministério do Ambiente, tem trilhado bem este caminho apoiando financeiramente as entidades públicas mas, para as mudanças serem céleres, o apoio a novos incentivos por parte do Ministério das Finanças é crucial.

Para terminar,  sugiro que não percam o filme “First Reformed”, realizado por Paul Schrader e com uma interpretação brilhante de Ethan Hawke. É um filme excelente, com diálogos e reflexões profundas, e uma visão inquietante sobre os problemas do ambiente no mundo. Na minha geração, muitos ainda acham que os problemas ambientais só serão enfrentados pelos seus netos ou bisnetos, mas na verdade já estamos a sofrer o primeiro embate, sem termos consciência desta realidade. É grave, porque há ainda quem pense que não tem nada a ver com o assunto e outros pensam que temos de mudar de hábitos apenas para salvar o ambiente, mas eu diria que é muito mais do que isso. Temos de mudar muito e já, a forma como todos vivemos, para salvarmos o planeta e a humanidade.

O Trump esse, saberá onde fica a Sibéria, mas não conhece o nosso Alentejo, logo para ele não se passa nada. As alterações climáticas para ele são uma invenção, fake news! E para si?