Pessoalmente, prometo ser o mesmo, sem drásticas mudanças de atitude incentivadas por efemérides.
Prometo alimentar a ideia de escrever “get things done” em vários post-it's e espalhá-los pela minha secretária de trabalho, mas eventualmente acabar por adiar sine die essa tarefa em si. Prometo identificar e recolher diversos artigos sobre produtividade publicados em sites como o Buzzfeed ou o Business Insider, para além de inúmeros pins do Pinterest com ideias de organização pessoal, apenas para, na realidade, nunca os vir a ler no sentido de interiorizar e pôr em prática os seus motes.
Prometo ser altamente cético em relação a uma putativa metamorfose de um eu-real para um outro que emana de uma realidade ficcionada por diversos best-sellers de não-ficção.
Prometo continuar extremamente competente na curadoria dos meus defeitos.
Prometo que gostava de viajar mais, prometendo também não ficar desolado se não o fizer porque terei estoirado a guita nos mesmos sítios de sempre, na minha zona de conforto que não me concede mundividência, cosmopolitismo ou likes no Instagram.
Prometo deixar TEDtalks a meio e adormecer durante audiobooks de enriquecimento pessoal.
Prometo organizar os meus documentos através de pastas, sub-pastas e color coding uma só vez, para pouco tempo depois meter tudo numa pasta “Vários”. Prometo contribuir para o setor terciário ao mesmo tempo em que estimulo a minha criatividade, inscrevendo-me num ginásio e levando a cabo exigentes brainstorms no sentido de chegar a desculpas reconfortantes para lidar com a culpa de não meter lá os pés.
Prometo pôr a hipótese de deixar de tomar opções prejudiciais à saúde, mas acabar por tomá-las na mesma, sustentando a preferência pelo malefício num argumentário pseudo-niilista.
Prometo estar alerta em relação a tudo o que racionalizei ser melhor durante um tempo limitado, a partir do qual prometo baixar a guarda. Prometo adiar a efetivação das promessas para a próxima hora certa, para a próxima manhã, para a próxima segunda-feira, para o próximo dia 1, para o próximo regresso às aulas que não frequento, mas que estranhamente continua a soar ao início do ano de facto e finalmente para o próximo ano.
Prometo resolver este contrato de resoluções de ano novo no máximo até março, por mútuo acordo entre o que sou e o que devia ser mas não quero.
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