Porquê? Porque isto é tudo muito giro, mas é o lembrete de que estamos um ano mais próximos da morte. Ou optimisticamente, mais um ano em que tivemos o privilégio de usufruir da existência.

Olhamos para trás e fazemos o balanço do que finda. O que fizemos, o que deixámos por fazer, o que aconteceu de bom, que sorte tivemos, o que aconteceu de mau, que desespero que não tenhamos podido fazer nada para o evitar. Não é por não o escrevermos no Instagram que não aconteceu, surpreendentemente.

Olhamos para a frente e desejamos o balanço do que brota. O que gostávamos de fazer, o que sabemos no fundo que não vamos conseguir fazer, mas queremos acreditar que sim; a esperança no que pode acontecer de bom, mesmo que dependamos da sorte e da angústia do que pode ser mau, sem que tenhamos a mínima chance de o impedirmos. Fatidicamente, é a vida a acontecer.

Olhando para fora do espectro individual de cada um, é precisar puxar um pouco mais pelo optimismo para que se augure um bom ano. Assim por alto, pensando num instante, percebemos que a extrema-direita vai continuar a crescer por todo o lado, incluindo Portugal, e o seu discurso normalizado com o aval de meios de comunicação social como a TVI e a CMTV. Até porque médicos e professores continuam a ser agredidos, e em vez de se assimilar a gravidade disto como um problema estrutural, deixa-se que o populismo se aproveite através do medo e da segregação racial. E se a guerra económica entre EUA e China pode chegar a um ponto de gravidade que gerará nova crise na Europa, a guerra entre os EUA e o Irão parece uma realidade próxima com milhares de mortos em perspectiva.

Tudo isto, com base em quatro dias deste ano. Portanto, dois mil e vinte e tudo na mesma, até seria bom sinal. Não pioraríamos. Mas também é capaz que isto seja dois mil e vinte e tudo a descambar. Por isso, procurem abrigo, mas feliz ano novo.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Don’t F**K With Cats: Netflix. Incrível. Se eu fiz parte, vocês também têm de fazer.