Ia eu calmamente almoçar quando sou obrigada a parar, o semáforo estava vermelho, portanto é preciso aguardar. A Avenida da República, local bem central da cidade de Lisboa, estava na azáfama do costume e, de repente, vejo o autocarro de dois andares de Rui Rio. Para diminuir níveis de carbono? Estamos conversados.
Mas não ficamos por aí, temos ainda a cereja no topo do bolo: a bela da poluição sonora com música e apelos ao voto. Estou na minha perplexidade, a pensar que andamos a fazer campanhas da mesma forma há mais de 40 anos, quando vejo surgir um carro da CDU com o altifalante e a mesma cassete do costume. De repente, pensei que estava de volta aos anos 80, nada mudou. Nem mesmo os debates televisivos mudaram: ataques daqui, ataques dali e a coisa dá-se. Não sabemos fazer melhor? Não.
E esta é uma das razões que leva ao afastamento dos mais jovens, eles que alinham na preocupação ambiental e noutras causas, mas para quem, muitas vezes, a ideologia de esquerda, de direita, de centro é um desconhecido que vive longe, muito longe.
Para motivar os mais jovens - e não só - e reforçar a democracia seria bom que existisse uma educação para a política. Seria bom que os estudantes visitassem a Assembleia da República, como tantas escolas fazem, mas que fossem elucidados sobre determinadas funções.
Ora, perguntem lá a um jovem com 18 ou 19 anos se sabe o que faz um ministro e o que o separa de um secretário de Estado. Ou o que faz um vereador. Ou o presidente de junta. Existem, é evidente, muitos jovens cujo interesse na política é grande. Por isso mesmo existem juventudes partidárias, mas a grande maioria está a leste de tudo o que se passa no universo político nacional ou internacional. Imagino que nem as gordas nos jornais leiam, ou se lêem devem ficar indiferentes, porque desconhecem os programas dos partidos, o que está em causa, a forma como o mecanismo da democracia anda para a frente ou para trás.
Dirão que não, que há muita gente jovem interessada. Conheço alguns, sim, mas não é a maioria. O desconhecimento não favorece o processo democrático, não beneficia o crescimento do país nem o esclarecimento ou a hipótese de surgirem outras ideias. E, caramba, se nós precisamos de novas ideias e formas de proceder.
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