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Cresce a movimentação político-diplomática para pôr fim ao inferno em Gaza. Fontes do Qatar que acompanham as negociações admitem que está a ser proposto um compromisso para gerir Gaza, no pós-Hamas: um governador, escolhido com a bênção de países árabes, dos Estados Unidos e a tolerância de Israel. A notícia surge quando muitos israelitas começam finalmente a compreender o erro que é o modo como Netanyahu está a usar a questão de Gaza. Há um termómetro que no próximo domingo vai medir o apoio (e a contestação) dentro de Israel a Netanyahu como chefe de governo que quer a guerra. É a jornada de greve em combate pelos reféns.

Palti Bichmon é um dos oradores numa manifestação de mais de 200 ex-pilotos, como ele, da força aérea israelita. Esses veteranos top gun de Israel juntaram-se ao fim da tarde desta terça-feira na praça que está a ser conhecida como a dos reféns, em Telavive, para exigir a Netanyahu que abandone o plano de ocupação de Gaza, que pare a guerra e que negoceie com o Hamas a libertação dos reféns, a par do desarmamento total.

Este grupo de ex-pilotos militares junta-se ao apelo do Fórum dos familiares dos reféns (agrega familiares de todos os reféns) para que no próximo domingo haja greve geral em Israel em apoio aquelas exigências de fim da guerra e libertação dos reféns.
É um movimento apoiado por mães de soldados que estão mobilizados para a operação militar de conquista de Gaza. Querem o fim da guerra: "Os nossos filhos não são escudos humanos para a sobrevivência política de Netanyahu.”

São neste momento 49 os reféns que continuam capturados por terroristas do Hamas. Julga-se que apenas 22 estarão vivos, mas muito debilitados. Einav Zangauker, uma das líderes do Fórum das famílias dos reféns, repete que o plano Netanyahu de conquista de Gaza vai implicar o sacrifício de todos os reféns que sobrevivem naquele inferno há um ano, 10 meses e 6 dias.

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Os domingos em Israel são dias úteis de trabalho. A greve convocada para este domingo inclui a comparência das pessoas no seu local de trabalho, mas para promoção de protestos contra a guerra e ações a favor da libertação dos reféns. Há expectativa sobre a adesão que este movimento vai suscitar. É sabido que em Israel todo o país quer a derrota total do Hamas. Mas há cada vez mais gente a reconhecer que Israel está a massacrar não o Hamas, mas o povo palestiniano. E que o povo que sofreu o Holocausto tem o dever de evitar o sofrimento cruel de pessoas inocentes.

Netanyahu não quer parar a guerra. Mas os mediadores do Qatar, do Egito e dos EUA estão a tentar um plano de governo de Gaza na fase pós-Hamas que possa facilitar que seja conseguida a trégua.

O site israelita Ynet e fontes árabes revelam que a nomeação de um governador palestiniano para Gaza, encarregado de liderar a administração civil, faria parte de um plano ainda em fase de finalização que inclui o fim das hostilidades, a retirada das tropas israelitas e a entrada na Faixa de Gaza de forças árabes sob supervisão americana para garantir a segurança e para conduzir o processo de reconstrução.

Há um nome já apontado para esse posto de governador em Gaza, é um multimilionário empresário palestiniano: é Halila Samir, economista, antigo membro do governo da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), desempenhou as funções de Secretário-Geral no terceiro governo da ANP em 2005 e 2006. Até março passado, foi dirigente do Centro de Comércio da Palestina, ligado à ANP.

O próprio Halila Samir, entrevistado pela Ma´an, uma agência de notícias palestiniana, confirma: "A proposta de me nomear governador de Gaza tem sido falada, prevê que a Faixa de Gaza fique sob a supervisão da Liga Árabe, especificamente de seis dos seus membros — Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Qatar — além da Autoridade Nacional Palestiniana."

Halila Samir não se furta a explicar o que está a ser apontado para a função dele: “O meu papel seria implementar o consenso palestiniano-árabe-internacional, não o de tomar decisões grandes políticas. Israel não aprovou a minha nomeação, nem era necessária tal aprovação, uma vez que existe um consenso árabe, americano e internacional. A polícia palestiniana seria responsável por manter a segurança após a retirada israelita, talvez com o apoio das forças árabes. Este governo interino administraria Gaza durante seis meses, após os quais a Faixa regressaria à responsabilidade da ANP."

Daqui se conclui que está na mesa dos negociadores um plano para Gaza depois do Hamas. No imediato, tudo parece depender de Netanyahu e da vontade de Trump de impor o fim da guerra. A força da opinião pública israelita na greve geral do próximo domingo pode contar.