Um grupo de deputados do PSD e do CDS entregou um requerimento no Tribunal Constitucional “pedindo a fiscalização sucessiva das normas que enquadram a educação para a identidade e expressão de género no ensino público e privado”. Finalmente uma ideia brilhante, para ver se se trava esta destruição da sociedade e da família tradicional, encapotada por esse discurso estapafúrdio da liberdade sexual individual, como se todas as pessoas pudessem ser felizes na sua sexualidade, sabendo que isso incomoda tanta gente.

O que está em causa são uns artigos de uma lei “que definem que o Estado, através dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da igualdade de género e da educação é responsável por garantir a adoção de medidas no sistema educativo que promovam o exercício do direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género e do direito à proteção das características sexuais das pessoas”. Resumindo: heresia e nojo social. O que os marxistas culturais pretendem é educar todas as crianças a serem gays ou transexuais para baralhar a ordem de Deus e acabar com o mundo. E este grupo de deputados está (e bem!) preocupado com que ao se dizer a uma criança que toda a gente merece ser feliz e deve ser respeitada, independentemente do seu género ou sexualidade, se esteja a incentivar essa anormalidade que é tudo o que foge à heteronormatividade.

O Estado não pode, de maneira alguma, criar mecanismos que protejam os seus cidadãos de sofrerem menos discriminação, que ajudem a acabar com mitos da normalidade da sexualidade e do género, ou que permitam o desenvolvimento de empatia entre crianças que vão crescer a ser adultos mais tolerantes, sabendo que vai abalar as crenças dos conservadores. Para este grupo de deputados, e para todos os que pensam como eles, se na escola se aprende que 1 + 1 = 2, também tem de se ensinar que só a heterossexualidade e a família tradicional é que são as respostas certas a uma sociedade bem regulada pelas ideias religiosas, como qualquer sociedade que se preze.

Os deputados defendem ainda que o ensino desta ideologia de género é um uso político e, por isso, não pode ser usado nas escolas. Isto parece-me bastante óbvio. Os miúdos não podem ser sujeitos a este tipo de ideologias que vão, segundo os deputados, pôr em causa a Escola enquanto espaço “livre de formação da personalidade, da educação para a liberdade e para a autonomia das crianças e dos jovens, (...) de respeito pela diferença, incluindo naturalmente a diferença nas características sexuais e na identidade de género”. Portanto, nada de ideologias nas escolas. A não ser que seja Religião e Moral, claro. Essa já pode ser.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Born a Crime:  livro de Trevor Noah.

- Rei Leão: Ainda não vi, mas arrisco-me a recomendá-lo ainda assim. É o Rei Leão.

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