Estas manifestações abrem diariamente noticiários e preenchem várias páginas dos jornais. Lembram-nos a génese da Amnistia Internacional. Em 1961, o fundador da organização escrevia num artigo que, “em qualquer dia da semana, encontrará no seu jornal o relato de alguém que foi preso torturado ou executado, num qualquer sítio do mundo, porque as suas opiniões ou a sua religião são inaceitáveis para o governo do seu país”. Com esta frase, Peter Benenson apelava à Coragem de todos os leitores, para que se juntassem em defesa dos direitos humanos.
Hoje, vemos novamente surgir a necessidade dessa Coragem. Escrevo-a com “C” maiúsculo (queria quase dizer “grande”) mesmo pela sua grandeza. Não é só a coragem de mergulhar de um local alto ou de se colocar à beira de um precipício para mais uma selfie para as redes sociais. Não. Essa não é a mesma coragem (se é que o é de todo), e por isso esta, a de defender os direitos humanos, deve ser escrita com maiúscula: Coragem!
A Coragem é o que nos impele a lutar por um mundo melhor, a garantir que os direitos de todas as pessoas são cumpridos, não importa onde nasceram, a forma como pensam, a cor da sua pele, a sua origem. É também esta Coragem que impele a exigir aos governos que façam a sua parte, que cumpram com as suas obrigações e com os direitos de todas as pessoas. A Coragem é sair à rua e juntar-se a uma vigília em vez de ficar apenas em casa a lastimar o que falta fazer. É assinar uma petição, é não ficar indiferente, é agir, é juntarmos a nossa voz num coro de mundo com lugar para todas as pessoas. Coragem é Agir por um mundo melhor.
No início de dezembro, a Amnistia Internacional vai organizar todo um programa em prol e celebração da Coragem de quem defende direitos humanos. O Fórum da Coragem contempla trabalho de ativismo, um concerto, exposições e um dia de encontros e conferências.
Logo no dia 4 de dezembro, ainda em fase de pré-evento, decorrerá no largo em frente à Câmara Municipal da Amadora uma vigília pelo direito à habitação. Porque essa Coragem é precisa para que ecoe a reivindicação pelo direito a uma habitação condigna para todas as pessoas, direito esse que continua hoje ameaçado para muitas, desde as pessoas sem-abrigo, às que vivem em comunidades mais vulneráveis e pobres, até aos estudantes e à classe média, que não conseguem já pagar uma habitação adequada em vários centros urbanos do nosso país. Por isso, este é o primeiro convite, para que se junte a esta vigília (o largo em frente à Câmara Municipal da Amadora fica mesmo ao lado da estação de comboio!).
No dia 5 de dezembro, às 21 horas, o LAV – Lisboa ao Vivo recebe o Concerto da Coragem.
Mayra Andrade, NBC, Bonga, Orquestra de Batukadeiras de Portugal e Ikonoklasta (a.k.a. Luaty Beirão, o rapper e ativista angolano que a Amnistia Internacional ajudou a libertar) juntam as vozes num concerto único de homenagem à coragem de defender direitos humanos. A apresentação é de Cláudia Semedo e a noite promete ser memorável, ao som de ritmos africanos.
Durante todo o dia 6 de dezembro, realizam-se conferências e encontros dedicados aos “Direitos Humanos em África”, no Museu das Comunicações, em Lisboa. Contaremos com uma participação especial do secretário-geral da Amnistia Internacional. Kumi Naidoo, reconhecido ativista que lutou contra o apartheid na África do Sul, vai estar a falar sobre o continente onde nasceu. Além dele, o dia vai contar com peritos, ativistas, investigadores, políticos e analistas que vão formar dois painéis e várias keynotes com foco no continente africano em matéria de direitos humanos.
Em simultâneo, nos dias 6 e 7, também no Museu das Comunicações, estarão disponíveis e abertas ao público duas exposições de fotografia e multimédia. Para saber tudo sobre estes eventos, o melhor será visitar a página no site da Amnistia Internacional.
Este é um programa a não perder, principalmente porque o mundo nos diz todos os dias que precisa inevitavelmente da nossa Coragem. Precisamos de si para sermos, juntos, uma voz mais forte. Venha cantar connosco a Coragem de todos os dias, de cada dia.
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