Um ano depois, ainda vivemos uma espécie de lua-de-mel com o Presidente e aceitamos sem ponta de critica todos os seus exageros, incluindo a mais escancarada agenda que alguma vez a política teve em Portugal. E só mesmo pessoas como Cavaco Silva conseguem certamente lamentar uma presidência de “afectos”, pacificadora, cordata (sem ser adormecida ou acrítica…).
Só Cavaco? Vivemos em Lua-de-mel? Hmm… Vivemos, nós os cidadãos comuns. Ou muito me engano ou a lua está a mudar… Porque esta semana começou a reviravolta - e começou por onde sempre se iniciam as vagas de fundo, devagar mas em coro: comentadores mais ou menos encartados, palpitadores de TV e políticos travestidos de opinadores, abriram as hostilidades contra Marcelo na sequência da entrevista que deu à SIC, assinalando o primeiro aniversário da sua Presidência.
No essencial, os comentadores ficaram chocados porque Marcelo foi… igual a ele próprio. Não conseguiu evitar fazer transparecer o que pensa sobre a fraca liderança da oposição e a segura caminhada do Governo. Não assumiu quem estava errado ou certo - quem o pode fazer? -, mas não deixou por dizer o que pensa, ainda que de forma bem mais institucional e discreta do que nos tempos em que era, ele próprio, um comentador.
Confesso que me surpreende esta reacção daqueles que são pagos para olhar a política nacional. Que esperavam? Que Marcelo se armasse em Cavaco quando tivesse de analisar a situação política? Que ignorasse a sua origem partidária e evitasse a bicada essencial a uma mudança que meio-mundo pede, mesmo que em surdina? Faz sentido um Marcelo Presidente formal para falar do PSD e do Governo, e o outro Marcelo dos “afectos”, com o coração na boca e a palavra sempre pronta?
Estão a pedir-lhe o bolo e o dinheiro do bolo? Não peçam. Talvez seja o que me afasta do mundo dos comentadores e analistas: não espero de Marcelo outro que não seja ele, qualquer que seja a ocasião. Vejo-o mais discreto e ponderado quando fala de Portugal - mas não espero um Cavaco com bolo-rei na boca, nem um Eanes sem opinião. Votei, como a maioria dos portugueses, neste Marcelo e na sua forma de agir, na sua energia avassaladora, e numa muito elegante forma de nunca deixar de dizer o que pensa. E nesse quadro, a entrevista que abriu as hostilidades não foi mais do que uma “evolução na continuidade”. Eis Marcelo, o Presidente.
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