Poucos dias depois da vitória eleitoral de Donald Trump, o escritor Mario Vargas Llosa afirmou, num evento literário, e cito de cor: “a escolha de Trump é uma demonstração de que a cultura e a civilização não vacinam uma sociedade contra o populismo e a demagogia".
Nunca como hoje fomos tão donos das nossas escolhas – com dinheiro, sem dinheiro, em espaço público ou privado – o que deve dar dores de cabeça a quem tem por obrigação vender-nos “coisas” em massa.
Há duas formas de observar e analisar a tragédia que este Verão se abateu sobre Portugal: ou continuamos a converter qualquer acontecimento num argumento para a disputa política entre os Partidos que governam e que estão na oposição, e tudo continuará como está; ou abrimos os olhos e reconhecemos qu
Pedro Passos Coelho tem muitos defeitos, foi o líder do PSD que melhor conseguiu conjugar o vazio com a resiliência, e dos poucos que julgou ser ainda primeiro-ministro muito tempo depois de já não ser – mas pelo menos teve uma vantagem sobre os candidatos que se perfilam para governar o partido: nu
Passaram alguns dias e continuo de boca aberta, estupefacto e incrédulo. O PCP admitiu que teve maus resultados? A CDU não venceu estas eleições? Os resultados não confirmaram que as conquistas de Abril, e a luta dos trabalhadores por um país de cravos e cooperativas, estavam à beira de serem reconh
A três dias das eleições autárquicas, há uma conclusão a que chego, independentemente de sondagens, distritos, juntas de freguesia: afinal, o "dono disto tudo" é o autarca.
A primeira vez que fui a Veneza, a meio dos anos noventa do século passado, o que mais me impressionou – para lá de ser esmagado pela beleza natural da cidade – foi a massa compacta de turistas que tomava conta das ruas, das praças, das esplanadas, todos os dias, de manhã à noite. Ouvia falar pouco
Todos os anos, por esta altura, os jornais publicam as listas com as notas de entrada no ensino superior, listam os cursos, as vagas, as médias, e em geral são acompanhados pelas rádios e televisões em reportagens com testemunhos cheios de esperança e vontade. É o começo do ano escolar – mas para qu
Há fenómenos estranhos na nossa parca e pobre democracia: somos capazes de nos revoltarmos contra uma discriminação de género sexual duvidosa, básica e um pouco tola – mas mantemos um estranho silêncio, que mais parece indiferença, quando um tribunal europeu determina que é legitima a violação da co
Nesta história dos “Blocos de Actividades” para “rapazes” e “meninas”, que já fez correr mais tinta do que merecia, houve algo que me fez espécie e sai fora do debate sobre o “género” e a diferença entre azul e rosa: falou-se muito na Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, foi reproduzido
Ver os “tesourinhos deprimentes” que constituem boa parte dos cartazes, slogans, imagens e frases de campanha das eleições autárquicas do próximo dia 1 de Outubro, que vão aparecendo nas redes sociais e na imprensa quase todos os dias, e assistir já esta semana aos primeiros debates entre candidato
Entrámos no mais perigoso momento do drama dos incêndios de Verão. É quando se apaga lentamente da memória emocional a "chacina" de Pedrógão Grande, é quando se torna banal a abertura dos noticiários com paisagens que ardem, é quando já ninguém se impressiona com essas imagens, nem se lembra dos dia
Numa longa entrevista de José Mourinho que a RTP emitiu esta semana, às tantas, o entrevistador faz a pergunta óbvia: como gostaria o treinador de ser lembrado no futuro? Num dos seus muitos momentos de falsa ingenuidade e disparatada humildade - que nos habituámos a ver conviverem com a arrogância
Há histórias que, de tão incongruentes com os tempos que vivemos, mais parecem episódios descoloridos do "Yes, Minister" – porém, sem ministros nem governos, mas com legislação, burocracia e empresas.
Como se regressasse de outro mundo, começo a observar, analisar, ler com maior atenção tudo aquilo que, no último mês, me passou ao lado. Costuma dizer-se que quando nos afastamos do nosso pequeno mundo, conseguimos ganhar vistas mais largas e relativizar melhor o que nos rodeia. Será verdade, quand
Há exactamente um ano estava em Manchester. Decidira, à última hora, festejar os 52 anos com o meu filho, que estuda na Universidade local, e por lá andei, numa cidade “cool” e muito acolhedora, onde se encontra tudo o que nos fascina em Londres, mas em dose moderada: a vantagem da dimensão ajuda qu
Há pontarias tramadas. Decidi que este era o melhor momento – talvez o único, neste ano cheio - para tirar uns dias a praticar aquilo que sempre cultivei, mas agora tem nome: “nesting”. Não é bem “fazer Nestum” – expressão feliz, do nosso calão, que significa exactamente “fazer nada”... - mas é usar
Faz lembrar aquela anedota sinistra sobre o amor: "Então, mas você ama-a por amor, ou por interesse?" /
"Olhe, amigo, deve ser por amor, que ela interesse não tem algum...". Assim olho eu, de forma simplória, para as eleições francesas, agora que “respirámos de alívio” porque, por uma vez, as sondag
Há melhor do que haver quem nos deixe a pensar, num tempo em que nos desculpamos, por tudo e por nada, com a falta de momentos para “parar e pensar”? Gosto de ler alguns dos escritores, jornalistas e ensaístas que pontuam a revista de domingo do jornal “El Pais”. As crónicas são quase sempre boas re
Li por estes dias “O Imenso Adeus”, de Raymond Chandler, um dos clássicos que tinha falhado, e para o qual a reedição da colecção “Vampiro” (renovada e recriada...), me acordou. Em boa hora e por menos de dez euros...
O ser humano tem este dom extraordinário de usar pesos e medidas diferentes para situações semelhantes, dando sentido à expressão “albardar o burro à vontade do dono”, e com isso justificando qualquer espécie de atitude. Até mesmo apanhar sarampo, doença que julgava erradicada do nosso horizonte.
“O nome dela é Pedro e ela é um monstro” – este título de uma matéria da última revista do Expresso, assinada por Christiana Martins, além de ter baralhado o corrector ortográfico do computador, remeteu-me para outras matérias que li na imprensa inglesa, por estes dias, numa coincidência que até me
A chamada “pós-verdade” - a que chamo apenas, com maior rigor, mentira - anda de tal forma a cercar-nos, a instalar-se, e a fazer do seu pernicioso carácter um dado a ter em conta, e uma desconfiança permanente, que duvidei daquele vídeo que exibe a joelhada de um futebolista ao árbitro, logo no com
A semana começou com o regresso ao pedaço de Paulo Portas, directamente da Mota-Engil e da petrolífera mexicana PEMEX (serão assim tão diferentes da Goldman Sachs de Durão Barroso, que aliás o convidou?), para nos iluminar sobre globalização, Trump, referendos, eleições e os caminhos ínvios da Europ