A polémica à volta da distribuição de preservativos nas escolas (medida que tem letra de lei há anos, mas nunca foi aplicada…), diz muito sobre a forma como se persiste em entender o ensino como uma espécie de bolha liofilizada, conservada em vácuo, que dispõe de uns estabelecimentos onde depositamo
Em 1994, ou seja, há 23 anos, uma coincidência profissional levou-me a estar em Paris no dia em que foi lançado em França o disco “O Espírito da Paz”, da Madredeus. A banda liderada por Pedro Ayres Magalhães, e então marcada pela voz de Teresa Salgueiro, fazia sucesso por todo o mundo, e um disco no
Esta semana, na véspera do jogo do Benfica com o Besiktas, o treinador Rui Vitória tinha marcado uma conferência de imprensa para o final da tarde. Eu estava no carro, parado no trânsito, quando liguei o rádio e ouvi o jornalista, que esperava a chegada do técnico, lamentar o atraso no começo da ses
Ou muito me engano, ou Álvaro Cunhal deu algumas voltas na tumba no fim‑de‑semana passado. Coerente, firme, implacável, teimoso, julgo acertar se disser que não lhe passaria pela cabeça engolir a "geringonça", obrigando-o - como obrigou Jerónimo de Sousa - a, num único discurso, dizer que sim e que
É bem mais do que uma notícia, é uma revolução, ou pelo menos o começo de uma revolução: o Governo decidiu oferecer os manuais escolares a todos os alunos do 1º ano de escolaridade.
Sem preconceitos: é no mínimo estranho que o "mundo pule e avance" a ritmos e passadas tão diferenciadas conforme as áreas que queiramos observar. Dos anos 60 até ao começo do século XXI, e refiro-me apenas à Europa, vimos os homossexuais ganharem os direitos mais que legítimos ao casamento ou, nos
Se não fosse triste e lamentável, podia ser de rir, ou uma notícia do "Inimigo Público": uma instituição do Estado, o Tribunal de Contas, num relatório sobre a execução orçamental da Administração Central, crítica o Estado a que pertence por exigir aos contribuintes o que o próprio Estado não cumpre
Quando era adolescente, havia nos jornais (e nos pacotes de açúcar?) uns casais de bonecos com um ar vagamente pateta que acompanhavam frases - igualmente tolas, na maioria dos casos - sob o genérico "Amor é…".
Amanhã é mais um dia decisivo na longa caminhada de António Guterres para o lugar de Secretário-geral das Nações Unidas: o Conselho de Segurança manifesta-se, pela segunda vez, sobre os 12 candidatos para o cargo. Guterres leva vantagem porque venceu a primeira avaliação, num processo que decorre at
Subitamente, num Verão manchado pelo sangue e pelo terror, um jogo veio abanar as vidas de milhões de pessoas e, ainda que por minutos, deixá-las fora da loucura que nos rodeia e entrar numa bastante mais pacata aventura: apanhar, com um telemóvel, bicharocos que julgávamos desaparecidos.
Às vezes pergunto-me: que mais pode a candidatura de Donald Trump fazer, a começar no próprio candidato, para demonstrar que não quer governar um país, mas quer montar um circo romano em Washington? A esta pergunta, espanto dos espantos, responde o "povo" com apoios, aplausos, uma Convenção rendida
O Presidente da Republica condecorou ontem os cinco atletas medalhados no Campeonato Europeu de Atletismo que, azar dos azares, decorreu em simultâneo com a fase final do Europeu de Futebol - e por isso perdeu a batalha pelo mediatismo e a notoriedade que os tempos actuais promovem, mesmo quando que
Anualmente, a prestigiada e atenta revista "Monocle" dedica parte de uma edição ao ranking das melhores cidades do mundo para viver. A lista é elaborada a partir de uma série de critérios, nem todos óbvios, mas todos ligados à vida quotidiana das cidades: desde a facilidade em jantar depois das dez
Oito dias depois, passado o choque inicial, as cabeças arrefecem e os comentários sobre o resultado do referendo no Reino Unido vão mudando de tom. No começo, parecia uma maré alta em tempos de marés vivas - e a histeria atravessava os que defendiam o brexit tanto quanto os que julgavam essencial a
Hoje é o dia. Hoje vamos saber se a Grã-Bretanha vai fazer desmoronar a União Europeia - ou se, não a desfazendo, a vai deixar ferida, enquanto o país recupera da explosão programada que criou no reino de vários reinos…
É de uma enorme presunção auto-citar-me, bem sei - mas depois do massacre de Orlando, no fim de semana passado, tornou-se irresistível. Escrevi neste mesmo espaço, há oito dias: "O Ocidente receia o Estado Islâmico, o fundamentalismo, a loucura que não poupa nada nem ninguém, que não olha a meios pa
Aqui há dias, em Lisboa, numa grande superfície comercial, estava numa sapataria quando se ouviu um estoiro, algo que parecia ser um tiro, fora da loja, mas perto de nós. Assisti a um momento único: num ápice, a loja ficou vazia, havia sapatos espalhados pelo chão, e olhando o corredor daquela ala,
Desde que José Cid, num programa de rádio onde o entrevistei, em conjunto com o João Gobern, disse (e não estava a brincar…) que, se tivesse nascido em Inglaterra, era mais popular e amado que Elton John, porque acha que o inglês, ao pé dele, é artista de segunda, percebi todo o universo de Cid. As
No começo, também suspirei de alívio: um ecologista conseguira vencer a escalada, aparentemente imparável, da extrema-direita nas eleições austríacas, numa segunda volta renhida até ao último minuto. Mas foi só no começo.
Uma coisa é certa: dei por isso. Terça-feira passada, aterrando em Lisboa depois de alguns dias fora, o habitual discurso da assistente de bordo da TAP incluía uma novidade - saudava os passageiros à chegada ao "Aeroporto Humberto Delgado". Nem Portela, nem Lisboa. Humberto Delgado. Desde sábado, di
Confesso a minha ignorância: até agora, não sonhava com os repentinamente famosos contratos de associação entre o Estado e os colégios privados. Eu, e seguramente uma boa parte dos portugueses, estávamos a leste de mais este "subsídio" que os nossos impostos vão pagando. A decisão do Governo de acab
"Os canais e os meios mudam, mas o jornalismo continua a ser o mesmo: procurar a notícia, decidir da sua relevância, exercer o contraditório com rigor, contá-la bem e publicá-la com liberdade". As 34 palavras que fecham o editorial de ontem do diário espanhol El País, assinalando os seus 40 anos de
Tudo indica que amanhã, em Lisboa, vai voltar a viver-se o caos que há uns meses paralisou literalmente a cidade: os taxistas voltam à rua com uma concentração às 8 horas e, a partir das 9, uma marcha lenta até à Assembleia da República, onde querem ser recebidos por António Costa. Florêncio de Alme
Pedia ao Sapo24 que fizesse o obséquio de enviar esta crónica, sob a forma de carta, ao Bloco de Esquerda, esse baluarte da liberdade, que incendiou Portugal com a ideia de mudar a designação do Cartão do Cidadão, por entender que o nome discrimina as Cidadãs. Ontem soube-se que o Governo de António