Daqui a dias, 80 mil crianças vão começar a vida estudantil com uma aprendizagem dupla: a ler, escrever e contar; mas também a pensar no seu semelhante, na conservação, na sustentabilidade. E nos custos que os seus familiares suportam com a educação.

Não foi manchete de qualquer jornal, mas devia ter sido. É a primeira medida efectivamente relevante e transversal que vejo tomar-se para começar a pôr alguma ordem na desordem geral do sistema educativo. Não apenas porque se inicia um processo de reutilização de manuais (ninguém espera que funcione a 100% nos primeiros anos…), que beneficia toda a gente - a começar no ambiente e a acabar na bolsa dos pais… -, como se desenha, por fim, a ideia de um programa educativo coerente, consequente e com alguma durabilidade no tempo de aplicação dos programas escolares.

Claro que a medida teria de ter oposição, a começar na Comissão do Livro Escolar da APEL, que veio argumentar com a liberdade de escolha, com os abatimentos no IRS de quem compra livros escolares, e até mesmo com uma estapafúrdia comparação com os gastos das famílias em roupa… Não surpreende, se pensarmos que esta Comissão é formada por elementos pertencentes aos dois grupos editoriais líderes no comércio dos manuais escolares. O negócio pode derrapar…

Como não surpreende uma reportagem que revelava o trabalho de propaganda destes grupos editoriais, no momento da escolha dos livros recomendados, juntos dos professores. Presentes de toda a espécie misturam-se com pressões directas, em acções que em tudo se assemelham às que, no passado, levaram os médicos a ter de regular fortemente o trabalho dos famosos "delegados de propaganda médica".

Pelos vistos, no mundo da educação há muito por fazer para tornar transparente a política do manual escolar. E nesse sentido, a medida do Governo, que promete ir alargando, no futuro, aos anos seguintes, é não apenas certa e revolucionária - é, ela própria, pedagógica e higiénica para o gigantesco universo que, daqui a poucos dias, começa mais um ano lectivo.

Às vezes penso que só há más notícias pela manhã. Mas afinal não é sempre assim.

A ler. Para ler. Lido.

Em poucas semanas, deixaram-nos dois dos mais relevantes nomes da edição literária das últimas décadas: André Jorge, o homem da "Cotovia", e agora Fernando Guedes, a alma da antiga "Verbo". Entre os obituários que lhe fizeram, gostei especialmente daquele que o também editor Jorge Colaço deixou no jornal Observador. É ler…

Eu já sabia que era viciado em café. Mas agora percebo porquê. E querem saber a verdade? Por mim, pode ser…

O Facebook e os seus famosos algoritmos continuam a dar que falar. Nesta matéria publicada pelo The Guardian não apenas se conta o que pode acontecer quando se deixa à solta a máquina tecnológica como, em anexo, se publica o testemunho de quem trabalhou justamente no departamento que define o que vemos e não vemos…