Gouveia e Melo, Rangel e Otávio: três formas de fazer golo
Um golo não é só uma bola no fundo de uma baliza. Obviamente que também o é - e que o diga Otávio -, mas também pode ser outra coisa que seja digna de um aplauso. Até porque marcar um golo, a beleza de marcar um golo, não está só no avanço que isso dá à equipa que coloca a bola dentro da baliza adversária no placard que assinala o marcador. Um golo de uma equipa que esteja a perder por cinco bolas a zero também pode ser tão ou mais celebrado, tão ou mais importante. Não é sempre sobre quem marca mais, muitas vezes é sobre como se marca, o contexto do golo se marca, o que vai na cabeça do jogador ou os adeptos nas bancadas que o rodeiam.
Este sábado começou com aquilo que, para mim, foi um golo do vice-almirante Henrique Gouveia e Melo. De forma simples e direta, como um ponta de lança experiente dentro da grande área, o coordenador da task force para a vacinação disse que não se sente “inclinado” para assumir uma carreira política, numa entrevista concedida à agência Lusa em que esclarece o seu papel num momento de necessidade do país, sem utilizá-lo para cavalgar para outros voos.
“Não sinto necessidade de dar [o meu contributo] enquanto político, primeiro porque não estou preparado para isso, acho que daria um péssimo político e também acho que devemos separar o que é militar do que é político, porque são campos de atuação completamente diferentes”, afirmou Gouveia e Melo à Lusa.
“Já diversas vezes me perguntaram e eu tenho a certeza absoluta que há dentro do quadro democrático e da sociedade civil pessoas muito mais capazes para desempenhar esse papel”, sublinhou.
Paulo Rangel também mereceu hoje uma ovação do público pela entrevista que deu no programa “Alta Definição” da SIC e onde falou pela primeira vez da sua orientação sexual.
"Foi uma coisa que eu nunca escondi. Não é segredo nenhum", disse, antes de fazer referência à "tentativa de campanha negra", em que "veio a questão da orientação sexual do Paulo Rangel e tal, se isso é um problema ou não", fazendo alusão à capa do jornal Tal & Qual (com a manchete "Eles querem ver Paulo Rangel a sair do armário") sem no entanto o referir.
"Sinceramente, isso não é problema nenhum. Foi uma coisa que eu nunca escondi, nem sei o que move as pessoas nisso. Sinceramente, o que acontece é que sempre vivi discretamente porque é a vida privada. Portanto, não é nenhum segredo, mas também não é coisa para se colocar nos jornais ou pôr nas televisões. É só isso", referiu a Daniel Oliveira.
Ainda assim, admite, nunca teria dado esta entrevista antes de 2019, ano em que a sua mãe faleceu.
"Obviamente que esta conversa que estamos a ter aqui não a tínhamos tido antes de 2019, mas apenas para proteger a minha mãe. Isto porque não é uma coisa que as pessoas não soubessem. Nunca fiz disso um segredo".
Mais, acredita que é necessário proteger quem o rodeia porque há quem não queira viver no meio do escrutínio público de uma posição como esta. Aferindo que "não depende da orientação deste ou daquele", acredita que "nós temos de proteger um pouco as nossas famílias".
O último golo do dia foi aquele que se aproxima mais da ideia aceção tradicional do termo. Otávio, médio luso-brasileiro do FC Porto, estreou-se hoje pela seleção portuguesa num jogo de preparação para o Campeonato do Mundo de 2022 no Qatar, precisamente contra a seleção que será anfitriã da competição.
A estreia não podia ter sido melhor. O atleta dos dragões foi titular e marcou o segundo golo da partida, num movimento de cabeça, pouco habitual para um jogador com 1,72 metros de altura. O jogo, esse, terminou 3-1 a favor da seleção das Quinas.
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