Os combates voltaram a Gaza. Como está a ser o fim da trégua?

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

A trégua entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas expirou esta manhã — às 07:00 da manhã (05:00 em Lisboa) — e os combates recomeçaram na Faixa de Gaza.

A interrupção dos combates começou há uma semana, a 24 de novembro, inicialmente durante quatro dias até ter sido prolongada com a ajuda do Qatar e do Egito, países mediadores.

O que diz Israel sobre o fim da trégua?

O exército israelita acusou o Hamas de ter quebrado o cessar-fogo e anunciou a retoma dos combates, minutos depois de ter terminado a trégua temporária estabelecida a 24 de novembro.

"O Hamas violou a pausa operacional e, além disso, disparou contra território israelita. As Forças de Defesa de Israel retomaram os combates contra a organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza", declarou o exército em comunicado.

Horas depois, Israel anunciou que depois do fim da trégua e o reinício dos combates atacou cerca de "200 alvos terroristas do Hamas" na Faixa de Gaza.

De olhos nos ataques, o exército divulgou ainda um mapa que divide a Faixa de Gaza em centenas de setores, a fim de ordenar a retirada atempada dos civis, à medida que retomava a sua ofensiva aérea, terrestre e marítima.

E do lado da Faixa de Gaza?

O Ministério do Interior da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, confirmou o recomeço dos ataques. "Os aviões israelitas estão a sobrevoar a Faixa e os seus veículos abriram fogo no noroeste do enclave", foi referido de manhã.

Relativamente aos ataques de Israel, o Ministério da Saúde afirmou que morreram pelo menos 178 pessoas.

Além disso, o governo do Hamas anunciou hoje a morte de três jornalistas em ataques israelitas em Gaza, elevando para 73 o número de profissionais de comunicação social mortos neste conflito.

Qual o balanço da trégua?

Durante a trégua, o Hamas e outros militantes de Gaza libertaram mais de 100 reféns, na maioria israelitas, em troca de 240 palestinianos detidos em prisões de Israel.

Por outro lado, estes dias com redução de combates facilitaram a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Agora, Israel e Hamas acusam-se mutuamente pelo fracasso das negociações para prorrogar a trégua e atribuem esse facto, em parte, a desavenças sobre a libertação dos reféns.

Como é que está a ser visto o fim de trégua? 

António Guterres, secretário-geral da ONU: "Ainda tenho esperança de que seja possível renovar a pausa que tinha sido estabelecida. O recomeço das hostilidades só vem demonstrar a importância de um verdadeiro cessar-fogo humanitário".

António Costa, primeiro-ministro: "Qualquer cessar-fogo é a abertura de uma porta para a esperança, qualquer interrupção do cessar-fogo é regressar à tragédia, seja no Médio Oriente, na Ucrânia ou em qualquer ponto do mundo".

João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros: "É muito importante, numa situação muitíssimo tensa, de profunda desconfiança entre as partes, que haja coragem, de parte a parte, para regressar ao cessar-fogo e é esse o apelo que temos vindo a fazer".

Erika Guevara Rosas, diretora do departamento de Investigação, Advocacia e Política Global da Amnistia Internacional: "Reiteramos urgentemente o nosso apelo a um cessar-fogo imediato e duradouro por parte de todas as partes no conflito. Sem um cessar-fogo, o número de mortos disparará e os civis em Gaza serão mais uma vez forçados a suportar os horrores inimagináveis das últimas semanas, sem nenhum lugar seguro para onde ir, sem abrigo e sem assistência humanitária".

Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano: "Estamos decididos a fazer tudo o que pudermos para reunir todos [os reféns] com as suas famílias, inclusive continuar com o processo que funcionou durante sete dias".

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