“Agora é mais importante do que nunca desenvolver uma abordagem comum para a segurança cibernética e, por isso, a Huawei apoia totalmente o apelo feito pela Comissão [Europeia] a todos os principais participantes para que, em conjunto, construam uma abordagem comum para combater os riscos de segurança na tecnologia 5G”, afirma a empresa em resposta escrita enviada hoje à agência Lusa.
Na sexta-feira, a Comissão Europeia informou que, após uma avaliação dos riscos feita pelos países da UE, serão equacionadas “possíveis restrições” no mercado do 5G, rejeitando porém pressões externas dos Estados Unidos ou da China.
Reagindo a estas declarações, na resposta enviada à Lusa, a Huawei vinca estar “pronta para se envolver ainda mais com a UE” para mitigação dos riscos de segurança com as redes 5G.
“Na era 5G, a confiança é essencial e deve basear-se em factos, não em sentimentos, especulações ou boatos”, salienta a companhia.
A Huawei saúda, na mesma resposta, a intenção de criar “padrões de segurança comuns para redes 5G em toda a UE”, mostrando-se ainda satisfeita por essas medidas não visarem “serviços ou fornecedores específicos”.
Em causa está a recomendação feita em março passado pelo executivo comunitário aos Estados-membros, prevendo que, aquando da implementação da tecnologia 5G, os países possam excluir empresas deste mercado por razões de segurança nacional.
Para isso, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros para fazerem até junho uma avaliação nacional das infraestruturas da rede 5G, analisando, desde logo, riscos técnicos e associados ao comportamento de fornecedores ou operadores, incluindo os provenientes de países terceiros, isto é, de fora da UE.
Fazendo um ponto de situação sobre esta recomendação, em conferência de imprensa em Bruxelas, o comissário europeu da União da Segurança, Julian King, afirmou na sexta-feira que serão equacionadas agora “possíveis restrições” a implementar pelos Estados-membros, assim como novas “obrigações de transparência e monitorização” relativamente às companhias tecnológicas.
Julian King vincou que a UE “está a fazer isto porque é do interesse europeu”.
“Não porque alguém nos pediu ou para atingir alguma empresa em específico”, acrescentou o responsável, aludindo às pressões que têm vindo a ser feitas pelos Estados Unidos para excluir a empresa chinesa Huawei do mercado 5G por alegada espionagem.
Questionado especificamente sobre estas tensões, Julian King insistiu: “Estamos a fazer isto porque temos de fazer, para nós, não por causa de qualquer pressão externa em qualquer direção”.
“Não é novidade que os Estados Unidos têm opiniões fortes sobre este assunto, mas isso faz parte do contexto”, notou, referindo ainda que “há mais tecnologia chinesa implementada na UE do que nos EUA”.
Após esta avaliação dos riscos nacionais, poderá chegar-se “à conclusão que, em alguns casos, alguns fornecedores ou equipamentos podem não ser seguros”, notou Julian King.
Ainda assim, “não estamos obcecados com a China”, garantiu o responsável, realçando que “o grande debate sobre a Huawei reflete o sucesso que a empresa teve neste mercado”.
Segue-se agora uma avaliação geral dos riscos na União, até outubro, de forma a encontrar uma abordagem comum às ameaças encontradas.
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.
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