A internet das coisas (internet of things) já está um pouco por todo o lado. De frigoríficos onde se pode enviar tweets a torradeiras ligadas à internet, sem esquecer o prato para a comida do cão e do gato que pede comida automaticamente, a vida do futuro parece ser uma onde a rede está omnipresente.
É desse futuro que vêm os novos mordomos. Mordomos a quem basta dizer que o que queremos para que façam exatamente isso, sem mais esforço.
Um desses mordomos está em Lisboa, na “Casa do Futuro” da Fundação Portuguesa das Comunicações (FPC). “Subir e descer estores, ligar e apagar as luzes, abrir a porta, controlar a opacidade das janelas, pedir para pôr música a tocar, pesquisar sobre tudo o que se encontre online”, diz a FPC em comunicado, são as possibilidades das casas do futuro.
Aproveitando a tecnologia da assistente virtual da Alexa, a empresa portuguesa Techsensys ligou a assistente pessoal à Casa do Futuro, da Fundação Portuguesa das Comunicações. Esta é, segundo a fundação de direito privado criada em 1997 pela ANACOM, CTT e PT, uma “solução pioneira em Portugal”, que alia a inteligência artificial desenvolvida pela empresa norte-americana Amazon à domótica da exposição em Lisboa.
“Sabemos que a internet das coisas permite criar novas realidades e adaptá-la às necessidades da sociedade e de cada pessoa em particular. Assim, podemos criar cidades, empresas e casas inteligentes, onde tudo se transforma em informação, que nos permite desenvolver mais serviços, otimizar a nossa eficiência e qualidade de vida”, diz Luís Juncá, responsável pelo Techsensys, um centro de competências criado no ano passado, que se especializa na internet das coisas.
“Paralelamente”, prossegue o responsável, “a mesma aplicação é também uma solução que permite à FPC obter dados sobre a interatividade das visitas e os níveis de participação por tipologia de visitante”.
“Esta solução da Casa do Futuro permite uma experiência única ao visitante, integrando várias perspetivas: a possibilidade de controlar a Casa e os seus serviços usando o interface mais natural do mundo, a voz, e ao acesso a uma assistente virtual inteligente, uma companheira que conversa e aprende em cada interação”, explica Teresa Salema, membro do conselho executivo da FPC.
A parceria entre a fundação e este centro de competências chama-se precisamente “IoT (Internet of Things) Upgrade”, qualquer coisa como "atualização da internet das coisas". O objetivo, diz a FPC em comunicado, é “melhorar a experiência dos visitantes da Casa do Futuro, através da inteligência e da interatividade da exposição”.
“A Casa do Futuro é um projeto expositivo em permanente evolução com a introdução de novas funcionalidades e é construída integrando tecnologias de vários parceiros”, como é exemplo a incorporação da Alexa, diz ainda Teresa Salema.
O mundo das assistentes virtuais não é novidade. Mas empresas como a Google ou a Amazon - que criou a Alexa - estão sempre à procura de aproximar a inteligência artificial da vida dos humanos.
Pode ainda faltar a voz de Scarlett Johansson para - como no filme de Spike Jonze “Her”, que ganhou o Oscar de melhor argumento em 2014 - nos apaixonarmos pelas assistentes que, pouco a pouco, sabem todos os detalhes da vida dos utilizadores, mas já nos podem dizer se estamos bem vestidos, por exemplo. Além disso, a Amazon permite agora aos developers, isto é, aos responsáveis pelas aplicações e engenhos que põem o artificial a ser inteligente, tornar a voz da Alexa mais humana. Com inflexões na voz, sussurros e até dizer asneiras (com um beep por cima), para além de modelar a velocidade das respostas, a Alexa vai ficando mais próxima (mas nem sempre mais reconfortante).
Num mundo onde crescem os aparelhos inteligentes, em que tudo está ligado à internet, vírus como o ransomware, que interdita o acesso a dados ou equipamentos pedindo um resgate, já são motivo de alarme. No final de janeiro deste ano escrevíamos precisamente sobre isso no SAPO24. “Eletrodomésticos, de frigoríficos a televisores 'inteligentes', de torradeiras a aparelhos de ar condicionado, estão crescentemente a ser ligados à Internet, com o objetivo de facilitar a vida dos seus utilizadores. Mas, por estarem online, ficam vulneráveis a acessos externos e ilegítimos. Isto ocorre por duas principais razões: a generalização do que se chama a Internet das Coisas (ou IoT, de Internet of Things), vendida como um benefício para os utilizadores dos equipamentos, e o desconhecimento generalizado desses compradores em garantir a segurança dos mesmos.”
A Internet das Coisas ainda apresenta desafios, mas são grandes as suas potencialidades. Na Casa do Futuro, o objetivo é de reforçar a humanização das tecnologias, mostrando como estas podem trazer maior qualidade de vida às comunidades, com a convergência digital a ser potenciada pelo cloud computing (Computação na Nuvem).
Comentários