Foram no mínimo alarmantes. Assim se podem catalogar as palavras na Conferência de Segurança deste sábado, em Munique, na Alemanha, do homem mais rico do mundo. Bill Gates tem receio daquilo que o futuro reserva e para alimentar esse medo tem uma estimativa que fez regelar os presentes: um ataque de bioterrorismo poderá rapidamente escalar para uma pandemia que pode vitimar dezenas de milhões de pessoas.

Tomando como exemplo a epidemia do vírus ébola na África Ocidental em 2014 e 2015, a gripe espanhola em 1918, alertando para a possibilidade da criação de um vírus com fins "terroristas".

Bill Gates, que nos últimos 20 anos financiou várias campanhas a nível mundial de saúde, afirmou que "estamos a ignorar a ligação entre a segurança da saúde e a segurança internacional. Estamos a criar o nosso próprio perigo". Segundo o norte-americano, as guerras e a consequente agitação caminham lado a lado com as doenças e são propensos a provocar uma pandemia.

"Quer apareçam naturalmente, quer pelas mãos de um terrorista, os epidemiologistas afirmam que uma doença transmitida pelo ar, pode muito rapidamente matar 30 milhões de pessoas num período inferior a um ano", explicou Gates durante esta reunião anual de responsáveis da diplomacia mundial.

"As zonas de guerra e outros cenários são os lugares mais difíceis para eliminar as epidemias", assegurou.

Gates disse que é "bastante provável" que o mundo viva uma epidemia desta escala nos "próximos 10 a 15 anos". "Para combater contra as pandemias globais, deve-se também lutar contra a pobreza... É por isso que corremos o risco de ignorar a relação entre segurança de saúde e segurança internacional".

Fez a sua fortuna com a empresa de software Microsoft, mas na última década tem feito doações no valor de vários milhões de dólares em projetos filantrópicos. E hoje pediu para que os Estados invistam nas investigações que vão permitir desenvolver tecnologias com a capacidade necessária para desenvolver vacinas em poucos meses. Neste sentido, relembrou que a maioria das medidas de controlo necessárias são as mesmas que os governos idealizam e executam para fazer face a um possível ataque biológico terrorista.

Escreve o The Guardian que os especialistas em segurança dizem que a ameaça do bioterrorismo tornou-se mais realista na última década, particularmente nos últimos cinco anos, com mudanças na biologia molecular que tornam o desenvolvimento de armas biológicas mais acessível.

Gates disse que os avanços na área da biotecnologia, em novas vacinas/drogas, ajudam na prevenção de uma situação desta natureza. "As medidas que tomamos para nos protegermos contra uma pandemia de ocorrência natural, são as mesmas que nos devíamos de tomar em caso de ataque biológico intencional".

"O custo global para uma preparação de uma pandemia está estimado em 3,4 mil milhões de dólares por ano. E a perda anual que uma pandemia provocaria pode alcançar os 570 mil milhões de dólares", esclareceu.