O empreendimento justificou uma mudança de carreira do português formado em Engenharia Física pelo Instituto Superior Técnico, onde fez investigação sobre buracos negros antes de partir para a criação de empresas.
"Quando fazia investigação sentia que o meu impacto era muito pequeno", disse à Lusa o responsável, que se mudou para Los Angeles no ano passado. Apercebeu-se do potencial dos conteúdos digitais quando lançou o Portal da Sabedoria, uma plataforma de vídeos para ensino à distância, de onde saiu para se lançar num MBA em Stanford, na Califórnia.
"Sempre tive a ambição de ir para os Estados Unidos", afirmou, explicando que a mudança de Palo Alto para Los Angeles era essencial para desenvolver a Link. "Nunca foi uma questão fazer isto numa cidade que não fosse LA, porque é o ‘hub’ do entretenimento e para criadores de conteúdo", acrescentou.
Ainda em fase de pré-lançamento, a aplicação junta criadores para fazerem colaborações e alcançarem audiências mais alargadas, ocupando um espaço que Francisco Lopes e Francisco Schmidberger, o cofundador que teve a ideia original, consideravam estar por explorar.
"Não há nenhuma plataforma que exista para colaborações neste momento", afirmou Francisco Lopes. O uso de mensagens diretas nas redes sociais existentes "é um processo limitado", disse, "sobretudo para os criadores de conteúdo grandes", que recebem muitas mensagens e não têm como fazer triagem.
Os dois fundadores, que abriram escritório em West Hollywood, perceberam que tinham "a oportunidade de ser esse mediador que está a ajudar as pessoas a ganharem acesso a mais criadores e a terem confiança nessa conexão entre criadores de conteúdos".
Sem planos pessoais de longo prazo, o engenheiro referiu que algumas das vantagens da Califórnia em relação a Portugal é a abertura ao desconhecido, maior diversidade de indústrias e disponibilidade de capital. "As coisas são menos formais. É muito mais fácil fazer negócio por causa disso, mais fácil conectar com pessoas e abrir portas", disse.
Apesar da popularização do termo "influenciadores", Francisco Lopes explicou que a Link não está focada nessa designação, que é normalmente associada a redes sociais como o Instagram. "O que nós acreditamos que é o valor que não está aqui a ser descoberto pelas marcas é que estas pessoas são criativas, são artistas e conseguem criar conteúdo que gera envolvimento de milhões", afirmou. "Em especial no TikTok, que é muito diferente do Instagram".
A Link, que está a trabalhar em relações comerciais com marcas interessadas em fazer patrocínios, organiza em LA eventos semanais de colaboração entre criadores, com um número limitado de convidados. "O mercado é muito maior se começarmos a pensar neles como criadores de conteúdos digitais".
O foco na rede TikTok, que tem 800 milhões de utilizadores mensais e uma grande proeminência nas gerações mais jovens, deve-se à facilidade de criação de conteúdos e à maior abertura da Geração Z em colaborar, segundo referiu Francisco Lopes.
Até os criadores com milhões de seguidores precisam de crescer, disse, porque este é um espaço muito competitivo. "Um criador de conteúdos é tão bom como quão bom for o seu último ‘post’ e a sua performance", afirmou.
O responsável disse ainda que Los Angeles "é o sítio" para estar neste segmento. "Muitos destes criadores mudaram-se para LA porque têm ambições de fazerem uma carreira na música, representação, algo mais tradicional no entretenimento e estão a usar o TikTok como uma plataforma para chegarem lá".
A aplicação Link deverá ser oficialmente lançada no verão de 2020.
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