Há pouco menos de um ano, a Aleph Farms, startup sediada em Israel, era apelidada pela CNN como a empresa que estava "a criar bifes sem a vaca". O conceito pode parecer estranho, mas é assim mesmo: o objetivo é criar carne em laboratório para salvaguardar um estilo de vida saudável, preservar o meio ambiente e evitar o abate dos animais. Já existiam empresas a desenvolver "hambúrgueres vegetais" e de frango, mas simular a textura e consistência dum bife convencional em laboratório era novidade.

Ora, volvidos alguns meses, a Aleph Farms volta a ser notícia por ter conduzido uma experiência em que conseguiu produzir com sucesso carne de bovino num destino improvável: a Estação Espacial Internacional (EEI). Isto é, qualquer coisa como a 339 quilómetros da Terra. Em suma, bastante distante de nós, mas não tão distante assim para que possa ser considerado o primeiro bife bovino alienígena.

Como? Recorrendo a uma bioimpressora 3D russa. No fundo, explica The Guardian, as células do bovino foram criadas em Terra e levadas para o Espaço. Depois, a carne surge através dum método que simula o processo natural regenerativo dos tecidos que acontece dentro do corpo da vaca.

"Estamos a provar que a carne 'cultivada' pode ser produzida em qualquer altura, lugar ou condição", revelou o co-fundador e chefe-executivo da Aleph Farms. "Podemos, potencialmente, providenciar uma solução poderosa para produzir alimento de forma próxima à população que dela necessita, no momento exato e correto em que esta é precisa", explicou ao jornal britânico.

"No espaço, não temos à disposição 10.000 ou 15.000 litros de água para produzir 1 kg de bife", disse. "Esta experiência conjunta marca um importante passo em direção àquilo que é a nossa visão para garantir a segurança alimentar para as gerações vindouras enquanto preservamos as nossas reservas naturais", alongou.

A Bloomberg sugere que, ainda que se trate, em parte, de uma manobra de publicidade, a experiência tinha como objetivo ajudar a Aleph Farms a perceber e estudar a sua investigação de produção de carne em condições severas sem depender de recursos naturais.

Apesar de a experiência ter sido um sucesso, a empresa estima que será necessário esperar, no mínimo, três anos até que os consumidores terráqueos possam comprar os seus bifes ou hambúrgueres.