Com o aumento do número de pessoas infetadas pelo coronavírus em Singapura, uma das principais empresas de prestação de serviços de segurança do país — que por questões de segurança e privacidade preferiu permanecer no anonimato — recorreu a tecnologia portuguesa para criar uma aplicação que permitisse ajudar os seus funcionários a rastrear os vários sintomas do vírus, dada a elevada exposição na sua atividade profissional.
Depois de o número de casos ter subido para perto de 100, a empresa de Singapura solicitou à Do iT Lean, uma empresa tecnológica portuguesa de Leiria, que criasse uma solução que garantisse um rastreio eficaz, através de uma aplicação para telemóvel. Com isto, os funcionários podem atualizar a informação do seu estado de saúde e os sintomas.
Pedro Delgado, CTO da Do iT Lean, explica ao The Next Big Idea como tudo surgiu. "A empresa de Singapura era já nossa cliente e trabalhamos há vários meses no desenvolvimento de aplicações de software. Com o aumento do número de casos de coronavírus no país, a empresa decidiu avançar com a criação desta app. Como temos tido muito bons resultados em termos de rapidez e qualidade na entrega das soluções, convidaram-nos para fazer o desenvolvimento da mesma", começa por contar.
Contudo, a empresa não agiu sozinha, tenho também a ajuda da portuguesa OutSystems, nomeadamente do departamento de IT para o desenvolvimento de soluções à medida. E ser a escolha de um país que nos parece muito distante não causa surpresa: "Desde que a Do iT Lean foi criada, em 2009, que se dedica ao desenvolvimento de aplicações exclusivamente usando a plataforma Outsystems, o que nos torna numa referência em termos de competência e qualidade nesta tecnologia. Temos também clientes em todos os continentes e por essas razões tornamo-nos numa escolha natural quando um cliente precisa de um parceiro da OutSystems", refere Pedro.
Assim, a utilização do low-code da OutSystems permitiu que a aplicação, a Health Status Reporting, fosse desenvolvida em apenas cinco dias e com recurso a um único programador. Simplificando os termos, o CTO explica que "o low-code é uma forma de desenvolvimento de aplicações no qual se usam ferramentas que permitem uma menor quantidade de código ou mesmo com total ausência de código. Estas ferramentas, das quais a OutSystems é líder mundial, permitem criar aplicações muito mais rapidamente e com uma qualidade superior".
Feita a aplicação, esta permite que os 15.000 funcionários da empresa de Singapura reportem diariamente e de forma rápida medições de temperatura e outros sintomas importantes, como dores de garganta, tosse ou falta de ar, para que possam ser tratados e rastreados de forma célere. Toda a informação é privada e monitorizada apenas para deteção de potenciais casos para atuar em conformidade e com o apoio das entidades de saúde.
"A tecnologia será sempre uma aliada crítica em casos de doença de risco sistémico, como é o caso desta doença que tem preocupado países de todo o mundo. Ajudar a controlar a disseminação do vírus esteve na base da decisão desta empresa em Singapura, para poder atuar de forma célere em colaboração com as entidades de saúde para proteção dos seus funcionários", explica Pedro Delgado.
Para o CTO da Do iT Lean, o desenvolvimento desta aplicação é uma forma de ajudar o cliente a enfrentar o "enorme desafio" do coronavírus. "Terem mais de 10.000 colaboradores constantemente na rua em contacto com milhares de pessoas e poderem ter uma forma de monitorizar as alterações de saúde desses colaboradores é um passo adicional na prevenção da difusão da doença. Estarmos envolvidos num projeto como este é muito importante para a projeção da nossa marca, mas é principalmente gratificante por podermos dar o nosso contributo neste tema de saúde pública", reforça.
Questionado sobre a futura utilização de uma app semelhante para outros países, Pedro refere que a sua utilização está condicionada pela autorização do cliente, mas "com certeza que um acordo para a utilização da mesma será facilmente obtido".
Até ao momento, a epidemia do coronavírus Covid-19 já causou mais de de 2.800 mortos e infetou mais de 83.000 pessoas, de acordo com dados reportados por 48 países e territórios.
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