Manipulação política, notícias falsas (fake news), violações de privacidade. É tudo isto que Tim Berners-Lee, o pai da World Wide Web, quer travar para evitar que o mundo caia na distopia digital.

Mais de 150 organizações, incluindo o Facebook, a Google e a Microsoft, assim como milhares de particulares se uniram a este plano de ação, a este "Contrato para a Web", que visa "deter os abusos crescentes na rede", afirma a fundação do britânico em comunicado. À data da sua redação, nem a Amazon nem o Twitter apoiaram os seus princípios

"Acho que o medo das pessoas de que coisas más aconteçam na Internet é compreensivamente maior", disse Tim Berners-Lee ao The Guardian. "Se deixarmos a Web como está, há várias coisas que vão correr mal. Podemos acabar numa distopia digital se não adotarmos outro rumo. Não é que precisemos de um plano de dez anos para a Web, precisamos de a virar ao contrário", defendeu.

Este  "Contrato para a Web", desenhado por 80 organizações durante mais de um ano, tem nove princípios para salvaguardar a Internet — três para governos, três para empresas e outros três para indivíduos, sendo eles:

Os governos devem garantir que todas as pessoas conseguem ter acesso à Internet; têm de manter a Internet acessível para sempre e respeitar e proteger os direitos fundamentais das pessoas ao nível da privacidade e dos dados.

Já as empresas devem garantir que a Internet é acessível a todos, incluindo do ponto de vista financeiro; respeitar e proteger a privacidade das pessoa, assim como os dados pessoais, criando confiança online; desenvolver tecnologia que apoie o que há de melhor na humanidade e que faça frente ao que há de pior.

Os cidadãos, por sua vez, devem ser criadores e colaboradores da Internet, devem criar comunidades fortes, respeitar o discurso cívico e a dignidade humana; e lutar pela Internet".

Aqueles que apoiam este contrato devem mostrar que estão a aplicar os seus princípios e a trabalhar para encontrar soluções para os principais problemas, caso contrário serão retirados da lista de signatários.

Emily Sharpe, da Web Foundation, a fundação de Tim Berners-Lee considerou que "a capacidade da Web de ser uma força para o bem está a ser ameaçada e as pessoas estão a pedir mudanças. Estamos determinados a moldar esse debate utilizando o enquadramento que este contrato prevê. Em última instância, precisamos de um movimento global para a Web como temos para o Ambiente, para que governos e empresas respondam mais perante os cidadãos do que aquilo que fazem hoje. O contrato lança as bases desse movimento".

(Artigo corrigido às 17:48: Tim Berners-Lee é criador da World Wide Web e não da Internet)