A onda de processos em tribunais locais, que exigem medidas corretivas e sanções financeiras, ocorre num momento em que a popular aplicação de vídeos curtos corre o risco de ser suspensa nos Estados Unidos se não mudar de proprietário, atualmente a empresa chinesa ByteDance.

"A bossa investigação revelou que o TikTok cultiva a dependência das redes sociais para aumentar os lucros", disse o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, num comunicado à imprensa.

"O TikTok visa intencionalmente as crianças porque sabe que elas ainda não têm as defesas ou a capacidade de impor limites saudáveis a conteúdos viciantes", acrescentou.

Funções como filtros de beleza, rolagem infinita de vídeos, reprodução automática e "likes" exploram a curiosidade juvenil e a falta de força de vontade para parar, argumenta Bonta. O aplicativo, então, bombardeia os utilizadores jovens com anúncios para lucrar, alegam os processos.

O TikTok classificou as alegações como imprecisas e enganosas. "Nós empenhámo-nos em trabalhar com os procuradores gerais por mais de dois anos, e é incrivelmente dececionante que eles tenham dado este passo em vez de trabalhar connosco em soluções construtivas para os desafios de toda a indústria", disse o porta-voz do TikTok, Michael Hughes, em entrevista à AFP.

Hughes citou "salvaguardas" do TikTok, que incluem medidas como expulsar utilizadores suspeitos de serem menores de 13 anos, limites de tempo de ecrã e configurações de privacidade para menores.

"Os jovens enfrentam problemas de saúde mental devido a plataformas de redes sociais viciantes como o TikTok", declarou a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James. "O TikTok afirma que a sua plataforma é segura para os jovens, mas isso está longe de ser verdade", acrescentou.

A empresa tenta barrar na justiça a ameaça de proibição nos Estados Unidos, onde possui 170 milhões de utilizadores. Uma lei que entrará em vigor no início do próximo ano obriga os seus proprietários chineses a vender a plataforma para evitar a suspensão.

Washington afirma que a ByteDance pode aceder — e de facto acede — às solicitações do governo chinês para obter dados sobre utilizadores americanos, e que o grupo cede às pressões para censurar ou promover determinados conteúdos nessa rede social. TikTok e Pequim negam as acusações.