Quando procura qualquer coisa na internet - colocando um endereço na barra de pesquisa do browser (como http://24.sapo.pt/) e fazendo "enter" -, normalmente vai dar à página principal do site que deseja ver. Para que isso aconteça, é necessário que exista uma troca de informação entre o aparelho que efetua a procura e os computadores que o redirecionam para a página em causa. Essa troca de informação entre máquinas acontece porque o IP do seu computador (funciona como o seu Cartão de Cidadão; identifica-o e é único) foi convertido pelo DSN (Domain Name System). Esta conversão é conhecida como a “resolução de nomes” e vai permitir que o funcionamento da Internet se processe como um todo.
Atualmente, a responsabilidade de tutelar este processo recai sobre a National Telecommunications and Information Administration (NTIA), apesar de a gestão já pertencer à Assigned Names and Numers (ICANN). Agora, o objetivo é completar a transição para a segunda entidade, deixando o sistema à sua responsabilidade.
Enquanto a primeira, a NTIA, é uma agência estatal do Departamento do Comércio norte-americano, a ICANN é uma entidade sem fins lucrativos sediada no estado da California.
A 16 de agosto, deu-se o último passo para que o processo fosse finalizado. A transição não tem qualquer tipo de contrapartida financeira. De fato, esta alteração está planeada e prevista desde março de 2014, altura em que a ICANN comunicou o plano de transição, e acontece porque o governo dos EUA acredita que o setor privado da Internet é suficientemente “maduro” para lidar com uma responsabilidade desta magnitude.
No ano da fundação da ICANN, em 1998, a empresa celebrou um contrato com a estatal NTIA. A intenção era de, num curto espaço de tempo, a ICANN tornar-se independente. A data de referência era 2000. Mas a Internet tinha crescido demais para os EUA abrirem mão dela.
A transferência poderá levantar questões, nomeadamente ao nível dos jogos de interesses. Entre os membros da ICANN há governos e multinacionais que podem ter interesse em controlar o sistema.
Esta mudança não vai, todavia, afetar a vida daqueles que estão ligados à Internet.
Esta questão foi abordada por Maria Farrell, que trabalhou para ICANN de 2005 a 2010, num artigo publicado no The Guardian, em março. A autora termina o artigo com uma pergunta: "Pode um grupo composto dos lóbis, geeks e idealistas (mas sobretudo lóbis) gerir realmente um sistema técnico complexo do qual o mundo depende?". Resposta: "Só o tempo dirá", escreve.
Comentários