O primeiro dia de Web Summit fechou com chave de ouro, ou melhor com estatueta de ouro, já que a última oradora no Palco Principal (que é como quem diz do canal principal de transmissão) foi uma vencedora de um óscar, Gwyneth Paltrow. Desta vez sem ouvintes atentos junto ao palco, mas com cerca de 2 mil pessoas a assistir à transmissão, a atriz e CEO da marca Goop foi entrevistada por Nicole Quinn, parceira na Lightspedd Venture Partners, sobre criar empresas e investir.

Num ano em que a COVID-19 causou um abalo em muitos negócios, Paltrow fez uma comparação entre a vida que levava antes da pandemia e a vida que leva neste momento sem deixar de ver o lado positivo da situação. "A minha vida acalmou-se e tornou-se muito mais sossegada", afirma. "Eu acho que não meto um despertador há meses", acrescenta. A estrela de Hollywood destaca o tempo que tem passado em longos jantares da família ou a meditar todas as manhãs e considera que "é uma experiência social fantástica a forma como todos os seres humanos se estão adaptar a este novo normal e pensar aquilo que vamos levar connosco até voltarmos ao normal, até haver uma vacina".

Numa altura que considerou "assustadora", a primeira fase de confinamento no começo do ano, Gwyneth Paltrow revelou que teve de "tomar decisões muito difíceis" na gestão da Goop: fechar as lojas de que estava mais longe geograficamente, exigir mais das equipas e despedir alguns empregados. A atriz confessa que "não fazia ideia de como é que os consumidores iriam reagir", mas começou a apostar na produção de conteúdo e viu as métricas (de interação entra a marca e os clientes) a subir. É neste contexto que aconselha todos os fundadores e influencers que estão numa fase inicial a "pensar em formas orgânicas de produzir conteúdo" através de todos os canais ao seu dispor, para que se possam conectar com os consumidores, sem que nunca se esqueçam de "sonhar em grande".

A Goop, que, diz Paltrow, "começou por ser um hobby" que guardou com "aspirações muito secretas de se tornar um negócio", é hoje uma marca que vende vários produtos de lifestyle (vestuário, produtos de beleza, brinquedos sexuais, objetos decorativos, jogos, canetas e cadernos, etc.). Para além da vertente comercial, a Goop tem ainda newsletters, um site que funciona como fórum de artigos sobre bem-estar, um podcast – The Goop Podcast – e um programa produzido pela Netflix – Goop Lab. A série documental vai agora para a segunda temporada, desta vez com episódios focados no "bem-estar nos relacionamentos e na sexualidade". A produção começa já no próximo mês.

De olhos postos no futuro, a CEO da Goop afirma não ter perspetivas de que a companhia cresça muito economicamente, uma vez que "ainda estamos perante muita instabilidade e incerteza". Contudo, reforça a importância de encontrar "maneiras criativas de crescer" através dos canais de ligação ao consumidor que já estabeleceu e revela que um dos próximos projetos pode ser "algo relacionado com comida".

O que anda a ver, ouvir e outras curiosidades sobre Gwyneth Paltrow

Séries que tem visto: Undoing (HBO) e Patria (HBO)

Podcasts que tem ouvido: Slow Burn, Crime Junkie Podcast e os podcasts da Harvard Business Review.

Melhor conselho que já recebeu: Ser verdadeira consigo mesma.

Produtos favoritos da Goop: canetas, calças de ganga, cremes para o corpo e para o rosto

Por Catarina Marques