Fabião Santos, diretor de laboratório da espanhola Kriba, é difícil de apanhar na Websummit. Sempre que se passa pelo stand está a falar com interessados e a demonstrar como funciona o ecógrafo que pretende acelerar a deteção de infeções.
Explica ao SAPO24 que a ideia por trás da Kriba surgiu, em 2015, quando o fundador da empresa, Javier Jiménez, estudava no MIT e em eventos tecnológicos perguntava aos médicos em que podia ajudar.
"Surge daí a ideia de utilizar ultrasons para detetar infeções em líquidos cavitários". Fabião explica que "os ultrassons são, normalmente, utilizados em ecografia. Estamos habituados a pensar na ecografia como uma metodologia para ver órgãos, mas aqui utilizamos ultrassons de muito alta resolução que permite que vejamos células individualmente."
E esta é a grande inovação da Kriba: identificar alterações na contagem de glóbulos brancos, e assim detetar infeções de forma antecipada e não invasiva, através de uma plataforma que combina ultrassons de alta resolução e inteligência artificial para analisar infecções.
"Os glóbulos brancos de que estamos a falar são células do sistema imunitário, que estão no sistema sanguíneo e vão entrar nos líquidos cavitários apenas em caso de infecção. Ou seja, num paciente saudável, o líquido cavitário vai parecer água, sem qualquer tipo de célula. Mas assim que há infecção, seja bacteriana ou viral, o sistema imunitário vai tentar combater os patogénios e aí vão começar a entrar os glóbulos brancos".
Exemplifica com o caso de um paciente a fazer diálise peritoneal que tenha este dispositivo em casa. "Nós pomos o saco do líquido drenado sobre a nossa máquina, carregamos num botão e em segundos temos o valor dos glóbulos. Sabemos que se numa segunda-feira havia 30 glóbulos, numa terça-feira 50, e numa quarta-feita 120, se está a falar de uma infeção". Esclarece que um paciente destes "tem que fazer uma minicirurgia no abdómen onde se coloca um catéter até que haja um rim disponível para transplante". Ora, a possibilidade de infeção - peritonite - é maior. "Pois, se o peritónio está infetado e não pode filtrar e o rim também não está disponível para filtrar temos uma peritonite. Os pacientes como este são obrigados a ir ao hospital e a fazer hemodiálise". Processo que segundo diz tem que ser feito de dois em dois dias, em períodos que podem durar entre quatro a seis horas. "Ou seja, a qualidade de vida decresce imenso."
Contudo, espera que graças a este dispositivo este processo tenha os dias contados. Uma vez que o paciente pode ir monitorizando a evolução da infeção em casa e debelá-la atempadamente.
"Também estamos a trabalhar a interoperabilidade, para o nosso dispositivo contactar diretamente o médico para ter acesso a estes resultados e poder prescrever tratamento antecipadamente sem o paciente sair de casa."
No caso das primeiras, explica que os bebés nascem com o crânio sem estar totalmente formado: "Há uma zona palpável, chamada zona da fontanela, que pelo facto de não ter osso é permiável aos ultrasons. Então, utilizamos a sonda como se fosse uma ecografia na cabeça do bebé e podemos contar quais são os glóbulos que há no líquido cefalorraquidiano, localizado sob as meninges. E se este tecido está infetado, com uma meningite, nós conseguimos detetar de forma não invasiva." Lembra que hoje em dia a única forma de detetar meningite é através de uma punção lombar.
O dispositivo que trouxe à websummit aguarda certificação CE que espera conseguir no início do próximo ano e assim conseguir comercializá-lo na União Europeia, no início do verão a partir de Espanha com a aplicação para a peritonite e, depois, para o resto da Europa e continuar estudos para as outras aplicações como a meningite.
Diagnosticar ADHD no dia-a-dia
O finlandês explica ao SAPO24 que com o seu simulador passa a ser possível fazer o diagnóstico sem sair de casa. Processo que já é real para 10 mil utilizadores entre os 8 e os 19 anos no Reino Unido. Funciona de forma tão simples quanto simular tarefas do dia-a-dia que normalmente se fazem em casa. Como tirar o lixo, ou fazer o almoço. "O importante é perceber e misturar todas as coisas que se fazem, mas acima de tudo perceber as que ficam por fazer". Isto é, a forma como se "reage a distrações e por aí adiante".
Todos estes dados são recolhidos, analisados e, até se necessário, numa segunda fase recorrer à realidade virtual para terminar o diagnóstico. Onde o grau de certeza no diagnóstico é o mais alto do mercado uma vez que analisam o movimento dos olhos.
Poupar dinheiro às empresas enquanto poupam a saúde dos trabalhadores
Diogo Figueiredo Cunha fundou a Healin para "que as empresas possam criar os seus programas de proteção de saúde personalizados". Mas deixa bem claro que o objetivo não é substituir os seguros de saúde. "Ótimizamos o que é a experiência de proteção de saúde para garantir que as empresas conseguem diminuir os seus custos e, ao mesmo tempo, que as pessoas conseguem aceder melhor aos cuidados e em última instância, até, conseguir garantir que não têm despesa com o que é que são os seus cuidados de saúde essenciais."
Resume dizendo que "desconstruímos o modelo, nós partimos e temos como uma das partes fundamentais o seguro de saúde para cobrir aquilo que é inesperado, sobretudo estamos a falar em treinamentos, cirurgias que não é previsível."
No fundo, o que a Healin já está a fazer em 16 empresas é que estas consigam que os "colaboradores saibam, com base no que é que são as suas características de saúde, quais é que vão ser as suas necessidades em termos de consumo, quantos exames, quantas consultas, quantas análises com base nas patologias que têm. E, com base nisso, conseguimos orçamentar e a empresa consegue criar carteiras para os seus colaboradores"
Na Websummit procuram reconhecimento, clientes e, tal como todos, financiamento.
*Notícia atualizada dia 19 de novembro
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