Muslim Assistant é uma app criada por uma empresa do mesmo nome, detida pelo Tamindir.com, um órgão noticioso de grande dimensão na Turquia que cobre as novidades tech e que também se desdobra num portal de downloads. Como conta Irem Hepyucel, responsável pelo marketing da empresa, o objetivo foi “entrar no negócio das apps”, e escolheram fazê-lo com uma que se destina a muçulmanos e que “funciona como um assistente para ajudar as suas vidas”.

Disponível para Android e iOS, o Muslim Assistant começou por ser um localizador de Quibla, a orientação que um muçulmano tem de tomar para ficar virado para Meca quando reza. “Lançámos apenas esse localizador primeiro”, diz Irem, mas como “as coisas correram bem”, a equipa procurou alargar o número de funções disponíveis na app. Neste momento, a aplicação permite também consultar horários das orações, tem um contador de Dhikr - ato devocional que consiste em repetir frases, normalmente contadas através de um colar de contas semelhante a um rosário, chamado Masbaha - tem o Corão para leitura e o calendário do Ramadão.

No futuro, os criadores contam aceder a alguns pedidos que têm sido feitos, como “adicionar locais Halal” e utilizar Inteligência Artificial para permitir ao utilizador “configurar a app para ficar da forma como mais gostar”. No entanto, apesar do aumento das funcionalidades, Irem admite que “as mais importantes” continuam a ser “horas das orações e o orientador de Quibla”. Segundo a marketeer, a app contabiliza “10 milhões de downloads e um milhão de utilizadores ativos” que continuam “a descarregá-la principalmente com este propósito”.

Visto que é desenvolvida no país, grande parte destes utilizadores encontra-se na Turquia. Todavia, Irem informa que a app está “a captar utilizadores de países como França e Alemanha” e “a conquistar utilizadores em países de forte comunidade muçulmana, como Indonésia, Malásia e Índia”. Quanto a Portugal, confessa que ainda há pouca adesão, mas que vão surgindo casos no nosso território porque “a app está em todo o lado, as pessoas são móveis”.

De utilização gratuita, o modelo de rentabilidade do Muslim Assistant assenta em duas estratégias intrinsecamente ligadas: remoção de anúncios da app mediante pagamento pelos utilizadores e venda de publicidade a empresas. Todavia, estas iniciativas garantem apenas lucro suficiente para manter as operações; o próximo passo é um modelo, ainda em fase Beta, onde “os utilizadores vão poder fazer subscrições mensais, anuais ou vitalícias” à app e têm “funções adicionais, como widgets com as horas das orações ou maior personalização da app”.

Estando a app em fase de consolidação, Irem e Canar Bayraktar, CEO e criador da app, compareceram na Web Summit com vários objetivos em mente. Auto-financiado - mas com ”algum apoio do governo para atividades externas”, segundo Irem - o projeto pretende agora captar o interesse de investidores e adquirir novos utilizadores. Para além disso, houve também uma necessidade consciente de “aumentar o nosso networking e alargar os horizontes um pouco mais”.

Com essa postura de abertura do mundo islâmico ao universo das startups, a equipa propõe-se também a ajudar a acabar com o preconceito religioso em relação ao Islão. Para Irem, o Muslim Assistant também funciona com o propósito de “clarificar a toda a gente que não queremos ficar à margem”. Não querendo generalizar, a marketeer tem o cuidado de esclarecer que “a religião é pessoal”, ou seja, que não há uma maneira única de vivê-la e que “não podemos dizer que ‘os muçulmanos’ fazem isto ou aquilo”, mas defende que parte da consciencialização pode advir da informação na app destinada a quem “não seja muçulmano mas queira conhecer mais”.


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