Em entrevista à Lusa, a propósito da organização pelo INL do maior congresso dedicado à nanotecnologia em Portugal, sob o tema “A nova Economia” e que vai decorrer entre 19 e 20 de outubro, Lars Montelius explicou que a nanotecnologia “já está à nossa volta”, nos telemóveis, computadores, instrumentos de medição médicos, mas que ainda há quem “não tenha entendido isso”.

O diretor-geral do INL apontou como exemplos algumas das tecnologias que a instituição sediada em Braga está a desenvolver, em áreas como a saúde e o bem-estar, ou urbanização e mobilidade, que podem, no futuro, “salvar vidas” ao ajudar na deteção de doenças, ou ao contribuir para a diminuição da quantidade de sal nos alimentos.

“Esta nova economia é, na verdade, como a nanotecnologia vai mudar o nosso futuro e como já mudou. Muitas pessoas não entendem que a nanotecnologia já está à nossa volta”, afirmou o responsável.

Segundo Lars Montelius, a nanotecnologia tem muitas aplicações no dia-a-dia, nos nossos computadores, telefones, assistentes digitais, pulseiras para mediar a atividade de cada um.

“Nós podemos encontrá-la já quando começamos a acordar pela manhã, porque podemos recriar a luz natural no interior, o que nos faz acordar muito melhor”, começou por explicar.

“Ao lavar o rosto podemos ter sensores no espelho que podem olhar para você e ver se você está começando a ficar com uma gripe pela forma como você mexe os seus olhos (…). Há muitas coisas nas quais se pode usar a nanotecnologia. O carro no futuro será como um computador que o leva de um lugar para o outro, pode até não ser seu próprio carro, um carro que você apenas usa quando precisar”, explanou.

No INL, disse, são três as áreas de aplicação da nanotecnologia que estão a ser trabalhadas, havendo já instrumentos resultantes desse trabalho.

“Urbanização e mobilidade, saúde e bem-estar e segurança. Se falamos de urbanização e mobilidade, há muitas coisas a acontecer, as pessoas deslocam-se para as cidades e vivem em cidades que podem facilmente ficar poluídas. Estamos a criar um dispositivo de monitorização ambiental que pode ajudar a evitar a entrar em cidades que não são agradáveis e que podem ajudar as autoridades a entender o que fazer para as tornar mais agradáveis”, descreveu.

Já na saúde e bem-estar, o responsável destacou a possibilidade de ajudar na deteção precoce de doenças como Alzheimer ou Parkinson, mas também cancro, permitindo “salvar vidas”.

Lars Montelius salientou que estes instrumentos são “fáceis de utilizar”, exemplificando, com o sal, como podem funcionar.

“O sal é apenas um cristal e agora temos um método em que podemos pegar nesses cristais e torná-los mais pequenos. Se usarmos esse sal na comida, precisamos de cerca de 10 vezes menos sal para obter a mesma sensação de sal na boca, porque as peças de sal são muito menores”, desenvolveu.

Sobre o congresso, o diretor-geral do INL explicou que vai reunir “pessoas de todos os setores” para “falarem de nanotecnologia como o motor da economia e realmente entender o poder dela”.

Atualmente no INL trabalham cerca de 230 investigadores de cerca de 30 nacionalidades mas o trabalho daquele laboratório não se restringe a Braga: “Estamos a desenvolver cerca de 40 projetos e, além das pessoas que trabalham aqui nesses projetos, estamos a trabalhar com outras pessoas em Portugal e em outros lugares. Trabalhamos em todo o mundo”, disse.

Lars Montelius salientou ainda a capacidade do INL em gerar emprego.

“Nestes três anos conseguimos ter mais 1.000 empregos criados diretamente ligados aos nossos projetos”, apontou.