Miguel Assis é partner da Voqin e há mais de 20 anos que tem como trabalho juntar pessoas e fazer desses momentos algo que as ajude a viver e a trabalhar melhor. A pandemia não o parou, pelo contrário, acelerou o que já andava a fazer quando dizia aos clientes que não era preciso ter eventos presenciais para tudo. O que é mesmo preciso é, afirma, interação – e isso é a matéria do que faz.

Voqin vem de "provoking" e Miguel não deixou os créditos por mãos alheias. "Não estamos fartos do telemóvel e chegamos a casa e pomo-nos em frente da televisão", afirma quando lhe perguntamos se não ficámos com fadiga do digital depois de dois anos em frente ao ecrã. E ele acha que não e que os nossos hábitos o demonstram.

Ao contrário, as empresas estão em 2022 com uma espécie "de ressaca de digital" que as leva a preferir eventos em que as pessoas estejam juntas num mesmo local, mas também aqui, diz Miguel, as regras mudaram. "O que hoje não pode acontecer é alguém não poder ir e não ter acesso ao conteúdo".

Feitas as devidas provocações, Miguel não tem dúvidas que "as ideias e os momentos explosivos acontecem quando as pessoas estão juntas". E um dos exemplos do trabalho da Voqin foi com a Worten, empresa cuja equipa cresceu em pandemia sem que muitos se conhecessem presencialmente. A regra era simples: "no selfie, no texting, no liking". Simplesmente largar o telemóvel.

Não são só os eventos e os grandes momentos que contam. As relações de trabalho podem melhorar com pequenos gestos do dia-a-dia – como, por exemplo, o uso do e-mail. "É um dos maiores fatores de stress abrir a caixa e ter mais de 200 e-mails. Deixar de usar o reply all ajudava muito".

A um nível mais global, Miguel Assis aponta o dedo às redes sociais na forma como estão a ser usadas. "Hoje todos temos de estar bem. A sociedade parece que tem de ser um espelho do Instagram".

Uma conversa sobre bem-estar, saúde mental e como podemos viver e trabalhar melhor que pode ouvir na segunda temporada do podcast: "It’s ok to not be ok".