Daniel Greiller, CCO da fintech britânica Weavr, não é exatamente um estreante no que respeita ao mercado português. Foi o segundo empregado da Feedzai, em Londres, de onde saiu para integrar o grupo de fundadores da Weavr. Porquê. Porque "este era o momento", como partilhou no evento de lançamento da empresa em Portugal intitulado "Sky-rocketing growth for digital startups" que juntou no mesmo painel David Conde, da Coinscrap, Marin Cauvas, do Anthemis Group e Anas el Arras, da GrowIn Portugal.
O denominador comum aos quatro interlocutores é a oportunidade dos novos serviços financeiros, nomeadamente no mercado das startups. Vale a pena começar por apresentar o que faz a Weavr. Fundada em 2018, é uma fintech, sediada em Londres, que fornece serviços financeiros "Plug and Play" ou, noutra terminologia, "embedded finance". Estes serviços disponibilizam as funcionalidades tradicionalmente oferecidas pelos bancos, mas propõe uma maior celeridade e agilidade de processos. Na prática, a Weavr oferece uma solução para cada tarefa que exija suporte financeiro, seja o pagamento a fornecedores, a gestão salarial ou a emissão de cartões virtuais ou físicos. Se pensarmos na forma como a Revolut aborda as finanças pessoais, a Weavr apresenta-se como uma proposta idêntica mas para o mercado empresarial.
Daniel Greiller intitulou a sua apresentação no mercado português como "Where imagination meets innovation" e a sua primeira premissa foi a de que "o mundo financeiro e o mundo digital estão separados há demasiado tempo". Foi este o ponto de partida da Weavr e a partir daí a fintech procurou garantir fatores de diferenciação. Como por exemplo, a rapidez. Para ativar uma solução de Marketplace, com gestão de compradores e vendedores, a Weavr garante uma implementação em 5 semanas versus 9 a 12 meses da banca tradicional ou 3 a 6 meses de outros competidores. O custo é outra das bandeiras da fintech com propostas que são quase 10% do custo anual da banca (45 mil libras vs 350 mil libras). A par disto, a plataforma disponiliza, como é próprio dos sistemas digitais, dados que podem ser usados pela gestão das empresas de forma a otimizar soluções.
A Weavr tem já presença nos Estados Unidos e em Singapura, além da Europa que conta agora também com escritório em Lisboa, liderado por Joaquim Marques.
A GrowIN Portugal é um dos primeiros clientes da Weavr em Portugal e Anas el Arras, CEO e, no evento de apresentação em Lisboa, fundador explicou porquê. "O nosso objetivo é garantir soluções mais ágeis aos nossos clientes e os serviços financeiros são uma área determinante para quem arranca com um negócio", disse Anas el Arras. O fator tempo é, na sua opinião, um dos principais entraves à agilidade, mas também a necessidade de deslocações presenciais para a execução de tarefas que a tecnologia já permite realizar remotamente.
A GrowIN Portugal dá apoio a empresas que se queiram instalar em Portugal, desde o apoio fiscal, contabilístico ou legal à emissão de vistos. Os serviços da GrowIN Portugal já deram suporte à entrada de mais de 50 empresas no país.
Como devem as startups preparar os próximos 12 a 18 meses?
David Conde, da Coinscrap, e Martin Cauvas, da Anthemis, trouxeram à discussão a perspetiva de fundadores e investidores sobre os próximos meses num contexto de maior dificuldade ao financiamento e de variáveis em volatilidade como taxas de juros e inflação.
Para David Conde, este é o momento "em que a maré baixa e se vê quem está a nadar". A forma de combater os efeitos de uma economia impactada pela guerra, pelo aumento dos custos da energia e sobretudo pela incerteza, é, em síntese, ser muito focado no que se entrega aos clientes e manter uma gestão diária que privilegie os principais fatores de sucesso (e insucesso) – ver caixa "As 7 recomendações do CEO da Coinscrap aos fundadores de startups".
A Coinscrap é uma fintech fundada por David Conde depois de ter trabalhado mais de uma década em private banking. Está sediada na Galiza e tem como premissa a gestão de poupanças mediante a monitorização dos gastos no dia a dia.
A Marin Cauvas coube trazer algumas respostas sobre "o que realmente interessa aos investidores". E a resposta mais importante foi "talento", o fator que mais determina a avaliação dos projetos e a sua evolução. A capacidade de gestão e a escalabilidade são sempre referenciais a ter em conta, mas a primazia no contexto do financiamento à inovação vai para o talento que uma equipa reúne.
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