O projeto PhytoSUDOE, no qual participam Portugal, Espanha (país coordenador) e França, visa melhorar a biodiversidade do solo através do uso e implementação de plantas associadas a microrganismos, designadas por fitotecnologias.

Essas tecnologias, mais sustentáveis que outras utilizadas para o mesmo fim, preconizam um aumento microbiano e da biodiversidade de plantas do solo, ajudando a recuperar a sua funcionalidade, explicou à agência Lusa a investigadora Paula Castro, coordenadora do projeto na ESB.

Segundo indicou, os microrganismos, como bactérias e fungos, ajudam no estabelecimento e crescimento das plantas em locais que sofrem de diferentes tipos de degradação, desde a contaminação por metais provenientes de minas antigas até à contaminação industrial.

A aplicação desta técnica, continuou Paula Castro, gera um conjunto alargado de benefícios não só ambientais, mas também sociais e económicos, durante e após a sua implementação.

Este processo, afirmou, permite apresentar os solos contaminados como uma alternativa para a produção de biomassa com diferentes aplicações, como é o caso dos biocombustíveis.

Através deste projeto, que vai ser apresentado hoje durante o seminário "Fitotecnologias para Recuperação de Locais Contaminados", a equipa está igualmente a combater os problemas de erosão e de saúde pública, ajudando a evitar a propagação de contaminantes para as águas subterrâneas e para o ar.

Paula Castro explicou que este método, embora mais demorado, é economicamente mais vantajoso do que os restantes, esperando-se que o mesmo possa servir como alavanca para outras aplicações.

"Os solos suportam quase um quarto da biodiversidade do planeta, sendo o nosso recurso base para muita coisa, como a produção de alimentos e de biomassa, a disponibilização da água e a reciclagem de nutrientes. É essencial que os protejamos e que tentemos recuperar a sua funcionalidade", defendeu.

No entanto, reforçou, essa recuperação deve ser feita de "uma forma sustentável".

"Tem que haver um compromisso entre o que é preciso fazer a curto prazo e o que pode ser esperado a médio e longo prazo. As soluções naturais podem demorar mais tempo mas trazem outros benéficos", salientou a investigadora.

Nos objetivos do programa consta ainda com a divulgação desta prática junto dos reguladores e proprietários no território SUDOE (Portugal, Espanha e França), bem como noutras regiões europeias.

Em parceria com o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), a ESB tem estado nas Minas da Borralha, em Montalegre, a aplicar fitotecnologias para atenuar os efeitos nefastos da extração de volfrâmio.

Este projeto, que está a ser desenvolvido há dois anos, conta com os investigadores da ESB Sofia Pereira, Helena Moreira e Alberto Vega.