A ligação de Portugal com o astronauta da agência espacial europeia ESA durou aproximadamente 15 minutos e foi feita em simultâneo com a Roménia e a Irlanda, que também colocaram perguntas ao engenheiro de voo, de 38 anos, que vai viver no espaço durante seis meses.
A iniciativa, realizada ao abrigo de um programa educativo da ESA, o ESERO, decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e juntou no auditório José Mariano Gago 200 alunos e 20 professores de nove escolas.
Aos professores, César Marques, da Escola Profissional de Almada, e Vítor Fernandes, da Escola Secundária do Forte da Casa, em Vila Franca de Xira, coube a tarefa de colocar as perguntas a Thomas Pesquet: uma sobre o processo de descontaminação de águas e outra sobre a sustentabilidade da vida no interior da estação espacial.
Em resposta, o astronauta disse que o controlo de bactérias e o teste de substâncias químicas é feito de forma cada vez mais rápida, permitindo obter resultados em pouco tempo.
Envergando umas calças bege e uma 't-shirt' vermelha, com as iniciais da agência espacial europeia no peito e a bandeira francesa cosida na manga esquerda, Thomas Pesquet contou que os astronautas procuram ser o mais autossustentáveis que podem na estação espacial.
"Tentamos reciclar o mais possível", assinalou, lembrando, porém, que ele e os outros companheiros continuam dependentes de abastecimentos feitos a partir da Terra, como a comida.
De futuro, para a aventura espacial poder prosseguir, para paragens mais longínquas, como Marte, terá de ser criado um ambiente autossustentável, onde se possa produzir os alimentos que se consomem ou os equipamentos que se utilizam, apontou.
Esgotados os 15 minutos de ligação com Thomas Pesquet, a reação na plateia, entre os estudantes, foi de desilusão, esperavam mais tempo de conversa.
"Ooohhhhhh...", ouviu-se no fim, antes de abandonarem o auditório.
Rodrigo Dias, 15 anos, aluno na Escola Secundária Sebastião e Silva, em Oeiras, tem o sonho de um dia visitar a estação espacial internacional, onde "o ambiente" lhe parece ser "muito bom", apesar da exiguidade do seu interior, onde os astronautas levitam devido à microgravidade.
Gosta de coisas do espaço, e ver em direto um astronauta, como o fez hoje, é sempre "mais interessante".
Se lhe tivessem dado a oportunidade, teria perguntado a Thomas Pesquet como é o seu dia-a-dia na estação, se "se sente confortável" em viver lá, afastado da família.
A Leonor Almeida, igualmente de 15 anos e estudante da mesma escola, surpreende-a o facto de os astronautas "viverem tão longe" quando estão numa missão espacial.
Do contacto que houve com Thomas Pesquet reteve que muitas das experiências que os astronautas fazem em órbita vão "refletir-se nas coisas do dia-a-dia", na tecnologia que é usada, como a dos telemóveis, exemplificou.
O astronauta francês está na estação espacial internacional desde 18 de novembro e tem regresso à Terra marcado para maio. Será substituído por um outro astronauta da ESA, o italiano Paolo Nespoli, que há três anos esteve em Portugal, a falar sobre a sua vivência no espaço, nomeadamente com crianças, no Pavilhão do Conhecimento.
Nos seis meses que ficará em órbita da Terra, Thomas Pesquet vai assegurar tarefas básicas de manutenção da estação espacial internacional, mas também realizar 50 experiências científicas, como a de estudar a radiação solar e o impacto da luz no crescimento das plantas ou da sua própria permanência no espaço no cérebro, no sistema imunitário, nos ossos e nos músculos.
A missão em que participa, a Próxima, tem o nome da estrela que está mais perto do Sol, que vê nascer e a pôr-se 16 vezes, tantas quantas a estação espacial internacional totaliza, por dia, a dar uma volta completa à Terra.
O primeiro passeio espacial de Thomas Pesquet ocorreu a 13 de dezembro, demorou quase seis horas e serviu para melhorar o sistema de reserva de energia da estação.
O astronauta viu Lisboa do céu quando ainda era piloto da aviação civil. Hoje 'falou' para a capital portuguesa, para 200 jovens.
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