Um “inovador” banco ferroviário “modular, versátil e customizável”, que utiliza “materiais e processos de fabrico inovadores, smartsolutions e sistemas de infotainment”, que permitem a adaptação do banco ao tipo/nível de serviço prestado (diferentes classes, mercados e respetivas exigências), “carregado de tecnologia” e “destinado a ligações regionais e intercidades”.

Assim é descrito por José Rui Marcelino, CEO da Almadesign, empresa que faz parte do consórcio ModSeat (Modular Light – Rail Seat), o projeto de iniciativa totalmente portuguesa que junta o conhecimento e I&D desenvolvido por empresas ligadas à área ferroviária (MCG, Mind for Metal, a ERT, multinacional focada em têxteis técnicos, a Almadesign e SETsa S.A, do Grupo Ibermoldes) e o Instituto Superior Técnico (IST).

Apresentado no IST, desvenda um banco ferroviário do “futuro”, dotado de alimentação elétrica para dispositivos individuais, “um sistema de informação NFC – Near-field communication”, um “encosto de cabeça com almofadas laterais para maior descanso dos passageiros”, encosto esse que, com a tecnologia incorporada, possibilita, através do wifi ou da utilização de dados móveis, a interação entre os smartphones e o ecrã usado na conceção do banco, libertando quem viaja dos programas impostos pela operadora ferroviária, podendo escolher o que vê, a que se soma “apoio de pés e de braços”, almofadas “mais envolventes”, revestimento “resistente, confortável”, permitindo, tudo junto, um “nível de conforto superior”, informa, em comunicado, a empresa.

Com processos de construção “mais robustos”, mas também “mais leve”, é possível “montar mais bancos na mesma carruagem sem sacrificar o conforto dos passageiros”, permitindo, por exemplo, “a opção de reclinação e utilização de uma mesa de apoio em simultâneo”, acrescentam.

A ideia que foi concebida nasce “para dar a devida resposta às exigências futuras dos transportes públicos”, tendo sido “desenhado e construído um protótipo à escala real que pretende reduzir os custos nas operações de reabilitação e desmantelamento, bem como, diminuir o peso e aumentar o conforto utilizando materiais e processos de fabrico inovadores”, reforça José Rui Marcelino.

Desenvolver em Portugal e sonhar com a internacionalização

“O banco é um elemento central na inovação e na renovação”, sustenta o CEO da Almadesign. “Procurámos criar uma solução que permita responder a desafios no âmbito de renovação e da construção de novas carruagens”, acrescenta.

O consórcio, liderado pela MGC, desenvolveu o banco exclusivamente para comboios regionais e intercidades. “Os bancos de alta velocidade obrigam a um desafio mais complexo”, explica, enquanto abre as portas a outras oportunidades. “O mercado interno serve de balão de ensaio”, admite. “Não há muita oferta em Portugal, logo a internacionalização faz todo o sentido no desenvolvimento de novos produtos”, assume.

Dando como exemplo o processo pelo qual passou a Via Verde, que começa em Portugal e depois “internacionalizou-se”, o consórcio “está preparado para a “industrialização”, mas esse passo, “obriga a outra ronda” de financiamento.

A conceção do protótipo, patrocinado pelo Compete 2020, teve início em 2016, envolveu um investimento total elegível de 1.6 milhões de euros e contou com o apoio financeiro da União Europeia de 779 mil euros, através do FEDER.