O termo web3 foi cunhado em 2014 por Gavin Wood, co-fundador da equipa que desenvolveu a criptomoeda Ethereum e que é hoje presidente da Fundação Web3 e criador da Polkadot. Passaram-se 8 anos e a web3 ainda não é um conceito dominado pela maior parte da população, ainda que seja um dos temas que mais mobiliza a comunidade tecnológica.
Há quem por isso diga que falta acontecer o “momento iPhone”, numa analogia ao que aconteceu com a Web2 em 2007, quando Steve Jobs apresentou ao mundo o primeiro smartphone da Apple e com isso mudou para sempre a forma como usamos a internet.
E há também quem afirme que a Web3 é apenas uma passagem entre duas etapas, não tendo uma materialização própria. Jack Dorsey, fundador do Twitter e de tecnológicas como a Square, avança mesmo com outro conceito, o da Web5 que é basicamente o somatório da Web2 (a das redes sociais, em que passámos a poder “fazer” coisas no espaço da internet e não apenas a “ver coisas”, como acontecia na Web1) e da Web3 (em que existe a promessa de podermos ser donos da nossa identidade digital através da utilização da blockchain).
“Internet: Da Web1 à Web3” foi o tema de abertura da conferência sobre “The New Creator Economy”, organizada pelo The Next Big Idea em parceria com o Festival Elétrico que decorre este fim de semana no Porto. Vítor Magalhães, fundador da Byside e promotor do Festival Elétrico, e Rute Sousa Vasco, co-fundadora do The Next Big Idea e publisher da MadreMedia, lançaram o tema numa conversa que procurou desenhar o percurso de 30 anos da internet e, sobretudo, os desafios e oportunidades que a web3 apresenta.
Vista por alguns como um regresso à ideia original da internet, assente na liberdade e no conceito de “power to the people”, a Web3 é, na verdade, a conciliação de vários formatos e tecnologias – como as criptomoeadas, as DAO (Decentralized Autonomous Organizations), os NFTs e o metaverso – que juntos prometem alterar o espaço digital como o conhecemos. “Não tenho grande fé na ideia de uma internet descentralizada em que ninguém manda e todos têm o mesmo nível de poder. Há sempre alguém que está a determinar o que se passa”, afirmou Vítor Magalhães.
Mas, ao invés, acredita que a tecnologia sobre a qual se está a erguer esta nova internet é, efetivamente, uma espécie de renascimento, não apenas para as artes, mas transversalmente. “Temos visto, por exemplo, muita efervescência em torno dos NFTs no mundo artístico, mas outras aplicações serão provavelmente mais de futuro, como servirem de certificados para peças de luxo como relógios ou vinhos”, exemplificou.O painel seguinte intitulado “Backoffice da Web3” juntou quatro plataformas que, em áreas diferentes, estão a dinamizar aplicações da Web3. Taikai, Talent Protocol, Anchorage Digital e POAP partilharam a forma como estão a interpretar – e a aplicar – os conceitos da Web3 e as expectativas que têm sobre a sua evolução.
A fechar o primeiro dia da conferência, a discussão recaiu sobre o impacto da Web3 nas cidades e regiões com a visão de três interlocutores: Paulo Calçada pelo Porto Digital, Miguel Oliveira pela Naoris Protocol, com projetos em regiões como a Madeira, e Tarik Lika, da IKTech com um projeto piloto em curso em Portimão.
A conferência “The New Creator Economy” continua este sábado, no Museu da Cidade, no Parque da Pasteleira, no Porto, integrada no Festival Elétrico.
O programa conta com os seguintes painéis:
- painel de abertura conta com a Binance e o Futebol Clube do Porto, numa conversa moderada por Vítor Magalhães.
- apresentação sobre “10 startups de Web3 em Portugal” que resulta de um trabalho de research do The Next Big Idea que será partilhado por Miguel Magalhães.
- projeto Moullinex em que Luís Clara conversa com Rui Mascarenhas.
- Criadores Web3 com Didimo, Volt Games, Real Fevr, Valaclava e Uphold numa conversaa moderada por Nuno Vargas.
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