Colmeias e iogurtes deram origem a uma iogurteira ecológica. Confuso? Miguel Leal, criador da YogurtNest, tira todas as dúvidas. “A ideia de criar o YogurtNest surgiu porque eu gosto muito de iogurte e porque sou apicultor. O quê é que uma coisa tem a ver com a outra? Eu faço as minhas próprias colmeias e pensei fazer uma iogurteira a partir de uma. Parece uma coisa um bocado esquisita, mas enchi uma colmeia com serrim e havia lá um buraquinho no meio onde meti um frasco com leite quente, inoculado com um bocadinho de iogurte. Depois tapava e deixava a fermentar durante seis horas. E funcionava!”, conta.

Mas nem toda a gente pode ter uma colmeia em casa, pelas suas dimensões e características. “Surgiu a ideia de fazer uma caixa mais pequena. Depois surgiu a ideia de revestir a colmeia por dentro com um pano para que quando pusesse e tirasse o frasco não levantasse tanta poeira. E se metia um pano por dentro porquê que não metia um pano por fora? E foi assim que surgiu o primeiro YogurtNest”.

Contudo, uma das particularidades desta iogurteira é a utilização de cortiça no seu interior, ideia que apareceu depois de um pequeno contratempo. O YogurtNest era feito com serradura de madeira, até que tive o primeiro derrame num frasco que estava mal fechado, o leite verteu e foi um desastre. Aquilo não dava para mais nada e foi para o lixo. E então pensei em substituir a serradura por cortiça granulada. De repente tinha um produto que funcionava às mil maravilhas, era muito mais eficiente e que dava para lavar”, refere. “Agora o YogurtNest é feito para durar. Usamos tecidos bastante resistentes, como o algodão, e tentamos sempre que os padrões sejam bonitos e atraentes”.

Através da incubadora Amorim Cork Ventures, o projeto continuou a desenvolver-se. Consiste numa “iogurteira natural e ecológica, feita em cortiça, que permite fazer iogurtes com qualquer tipo de leite, sejam de origem animal ou vegetal”. Mas os usos não ficam por aí. “Permite também cozinhar, levedar massa para pizza ou pão, levar comida quentinha para o trabalho ou fresca para um piquenique. É uma iogurteira multifunções que nos permite viver de forma mais sustentável, porque deixamos de necessitar de comprar iogurtes no supermercado. Praticamente todos eles vêm dentro de uma embalagem de plástico, que é um derivado de petróleo. No meu caso, eu estimo que nos últimos 8 anos a fazer iogurte em casa poupei cerca de 17 mil embalagens de plástico de iogurte”, diz Miguel.

À primeira vista o YogurtNest pode parecer um saco bonito, um pequeno puff ou até dar ares de ser confortável como almofada. E pode ser tudo isso, graças à conjugação do algodão com o granulado de cortiça no interior, mas o grande objetivo é mesmo fazer iogurte de uma forma mais simples. “Só precisamos de ter um frasco ou vários — toda a gente tem frascos em casa —, enchemos o frasco com leite, aquecemos no micro-ondas ou no fogão, inoculamos com um bocadinho de iogurte, mete-se no YogurtNest durante seis horas e temos um iogurte feito. Inicialmente sai quentinho. E pode ser consumido assim: nós temos aquela ideia de consumir o iogurte frio, mas a verdade é que ele quando está acabadinho de fazer até é mais benéfico porque tem as bactérias que nos vão fazer bem mais ativas do que quando vem do frigorífico”. Além disso, o tempo de duração depois de feito não varia muito do de compra: se não abrir o frasco pode conservar o iogurte no frio até uma semana; depois de aberto dura entre quatro a cinco dias.

Além de ajudar o ambiente, pela redução de embalagens de plástico e de utilização de energia, os iogurtes do YogurtNest têm ainda benefícios para a saúde e para a carteira. “Ao fazer o iogurte, a pessoa vai escolher que tipo de leite e de ingredientes vai usar. Acaba por não haver corantes, conservantes, não há aditivos. A pessoa escolhe o que vai para lá e alimenta-se de uma maneira mais saudável. E poupa bastante dinheiro: estimo que em oito anos a fazer iogurte poupei cerca de 2 mil euros”, confidencia Miguel Leal.

No futuro, o YogurtNest quer chegar mais longe. Embora já comece a estar espalhado por todo o mundo, através da descoberta pelos turistas, o objetivo é oficializar a presença no estrangeiro. E chegar mais longe também é afirmar o país. “O YogurtNest acaba por ser uma espécie de embaixador de Portugal, quer através dos nomes, maioritariamente de praias portuguesas, quer através da cortiça que está lá dentro. Levam o nome de Portugal, levam um bocado do nosso sol que ajudou aqueles sobreiros a crescerem durante anos e anos”.

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