Neste momento decorre uma oferta inicial de moedas (ICO), destinada a financiar o projeto.
O co-fundador e CEO da Aptoide, Álvaro Pinto, explicou as vantagens do projeto. “No nosso contexto da loja, as AppCoins vão permitir aos utilizadores, usando uma criptomoeda, fazer compras nas aplicações. Por exemplo, estão a jogar um jogo e querem comprar um item qualquer, um escudo, uma joia e podem fazê-lo através destas criptomoedas.
Este procedimento pode fazer-se em Portugal, mas os responsáveis da Aptóide consideram que até é mais interessante em países emergentes, onde muitos dos utilizadores não têm acesso a cartões de crédito, a meios de pagamento comuns.
“Temos muitos utilizadores da geração Z que ainda não têm cartão de crédito ou um meio de pagamento próprio, portanto dependem dos pais de alguma forma, e isto facilita muito o processo”, afirma Álvaro Pinto.
As AppCoins funcionam através da tecnologia ‘blokchain’. “É a tecnologia subjacente a coisas que as pessoas já ouviram falar como as ‘bitcoins’, as criptomoedas, e essa tecnologia permite criar uma solução completamente desintermediada, sem intermediários, e descentralizada”, disse.
Nas ‘bitcoins’ não há um banco central que emita as moedas, é um mecanismo completamente descentralizado. E então pareceu-nos muito interessante aplicar este conceito a uma loja de distribuição de aplicações”, explicou o responsável.
Quem comprar AppCoins na WebSummit terá um desconto de 30% e os primeiros cem investidores no Inicial Coin Offer (ICO) recebem uma moeda AppCoin, fabricada numa impressora 3D, uma “espécie de certificado”.
Relativamente aos alertas e às crítcas que têm vindo a ser feitas, sobre a possibilidade de as criptomoedas estarem a criar uma nova bolha financeira, o responsável da Aptoide admite que existem riscos associados, mas mostra-se mais confiante nas potencialidades.
“É uma tecnologia muito recente e, como todas as tecnologias recentes, criam inovação no mercado, podem ter um potencial tremendo para várias indústrias mas também têm riscos associados, e existem riscos associados à tecnologia ‘blokchain’ e às criptomoedas, tal como há em outras áreas, como a inteligência artificial, que também está em debate aqui na WebSummit”, refere o CEO da Aptoide.
O que está em causa é o facto de as criptomoedas retirarem a intermediação nos processos financeiros. “Isto é um modelo que é exatamente o oposto do que temos tido nas entidades financeiras e nos mercados financeiros: muito controlo, entidades que controlam o mercado, legislação muito rigorosa e muito fechada”.
Para Álvaro Pinto, esta situação vem abrir uma nova janela para um modelo que é completamente descentralizado, desintermediado, e que cria uma cadeia de confiança sem necessidade de todos estes processos que hoje estão implementados. “É um desafio para aquilo que é a hoje a realidade dos mercados financeiros”, afirmou.
E qual será o caminho da regulação do mercado das criptomoedas? Álvaro Pinto recorda que já há tentativas de regulação dos mercados das criptomoedas.
“Já vemos em alguns países governos e entidades reguladoras a definir regras para a utilização destas criptomoedas. Houve alguns países que até baniram recentemente a possibilidade de serem feitos ICO (as ofertas iniciais de criptomoedas), mas estamos numa fase tão embrionária que ainda não é claro como deve ser regulado este mercado. Ele vai ter de ser regulado de alguma maneira, mas o objetivo seria tentar regular menos do que existe hoje nos mercados financeiros, baseando-nos na tecnologia que permite criar confiança entre as várias partes que utilizam este sistema”.
Comentários