Quase um ano depois da apresentação do projeto de um robô para ensinar programação, línguas e matemática a crianças, o cofundador e presidente executivo (CEO) da ‘startup’, Tommy Otzen, contou à Lusa que o produto está no mercado após somar uma oferta de um milhão de euros do Danish Growth Fund, um fundo estatal de investimento.
O fundo “também ajudou a estabelecer um conselho muito competente”, acrescentou o responsável, que explicou a escolha de preterir os cem mil euros apresentados pela organização e financiados pela Portugal Ventures.
“Tivemos uma oferta melhor. No entanto, foi uma oferta [a do concurso] realmente atraente com excelentes condições”, considerou Tommy Otzen, que enumerou entre as vantagens de vencer a competição de ‘pitch’ (apresentações breves de um produto ou serviço) o interesse despertado entre os investidores.
A atenção conseguida em termos mundiais, “o que só poderia ter sido influenciado pela vitória na Web Summit” foi outra das consequências, assim como, continuou o CEO, a “aprovação exterior” da empresa face à aprovação por um júri muito experiente.
À Lusa, Mike Harvey, responsável de Comunicação Estratégica da Web Summit, explicou que a competição ‘pitch’ de 2016 foi patrocinada pela Portugal Ventures, sociedade de capital de risco do Estado, que garantia cem mil euros ao vencedor em troca de uma participação acionista na ‘startup’.
Este ano o patrocinador é a Mercedes Benz, que garante um prémio de 50 mil euros e o acesso ao programa de incubação promovido pelo fabricante alemão de automóveis.
Segundo este responsável, o ‘pitch’ “é uma oportunidade incrível” para as empresas de inovação com potencial de crescimento rápido, tendo o evento sido indicado como uma das “melhores competições mundiais para ‘startups’ pela (publicação) Forbes”.
Com o distanciamento de muitos meses, à questão sobre o que mudaria na apresentação vencedora em 2016 para a tornar ainda melhor, o responsável da KUBO respondeu ter dúvidas sobre se iria alterar alguma coisa no próprio ‘pitch’.
“Mas talvez gastasse mais tempo a praticá-lo. Na minha experiência essa é a chave para um ótimo ‘pitch’”, garantiu.
Explicando que o ‘pitch’ é comunicar sobre o negócio, descrevendo um problema que é interessante para o público, considerou que “é preciso perguntar a si mesmo como se pode comunicar o problema que se está a tentar resolver para o público mais amplo possível”.
Tommy Otzen exemplificou com os professores, que, em geral, consideram difícil incluir a programação nos currículos. “Nós resolvíamos o problema dos professores, mas não é um problema relevante para o público em geral”, assinalou o responsável, explicando que, assim, o foco foi colocado na falta de literacia digital, um “problema que afetará todos os miúdos quando entram no mercado laboral em adultos”.
“Ao resolver esse problema no nosso ‘pitch’, tornamos a nossa solução relevante para todos os pais e professores”, referiu o cofundador da empresa, explicando que depois de encontrar uma perspetiva relevante para uma maioria, é preciso “torná-la tão simples e clara quanto possível”.
“Esse é o verdadeiro desafio quando se tem menos de 30 segundos para explicar a contribuição para resolver o problema, é aqui que a prática irá fazer a diferença”, sublinhou.
Para a edição de 2017, que decorre entre 06 e 09 de novembro, em Lisboa, Tommy Otzen antecipa que vai ser “ótimo”, até porque vai ter tempo para realmente ouvir outros oradores e fazer ‘networking’ (contactos).
Da sua agenda consta ainda uma intervenção no dia 09 de novembro na ‘Growth Summit’, que apresenta algumas das empresas de crescimento mais rápido do mundo, na Web Summit.
Convidado a partilhar conselhos com os novatos da conferência internacional de inovação e tecnologia, o empreendedor referiu o uso da ‘app’ (aplicação) da Web Summit, que ajudou a KUBO a encontrar investidores e nas reações públicas.
Entre os anteriores vencedores da competição ‘pitch’ está a portuguesa Codacy, em 2014, quando o evento ainda estava na cidade ‘natal’, Dublin.
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